A última sobre Dantas Por Diogo Mainardi, na edição de 14 de junho da Veja Daniel Dantas já enjoou.
Eu sei.
Esta é minha última coluna sobre ele.
Não quero virar um Mino Carta.
Volto ao assunto apenas porque preciso me livrar de todo o material que acumulei nos últimos meses e que agora, com o acordo entre Daniel Dantas e Lula, perdeu a validade.
Nada do que eu disser terá efeito prático.
Dane-se.
O que me interessa é esclarecer alguns pontos que ainda permanecem no ar.
Meu primeiro contato com Daniel Dantas e seus homens ocorreu em setembro do ano passado, depois que publiquei duas colunas acusando-o de ter financiado o mensalão.
De lá para cá, foram muitos outros encontros, que me permitiram reconstruir suas idas e vindas com o governo.
O que Daniel Dantas e seus homens me contaram confidencialmente foi o seguinte: • Em meados de 2002, Naji Nahas informou a Daniel Dantas que o presidente da Telemar, Carlos Jereissati, tinha assinado um acordo com o PT, em troca de dinheiro para a campanha eleitoral.
Pelo acordo, o governo tomaria a Brasil Telecom de Daniel Dantas e a entregaria à Telemar. • Daniel Dantas reagiu da única maneira que conhece, oferecendo ele também dinheiro para a campanha de Lula.
Em 30 de setembro de 2002, depois de tratar com Delúbio Soares e Antonio Palocci, um de seus homens entregou-lhes 2 milhões de dólares, num hotel em São Paulo. • Quando Lula foi eleito, o presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb, assumiu o comando da trama lulista para tomar a Brasil Telecom.
Daniel Dantas me mostrou uma carta de Casseb à diretoria do Citigroup.
Na carta, Casseb afirmava que Lula odiava Daniel Dantas e que faria de tudo para tirá-lo da Brasil Telecom. • Daniel Dantas teve acesso também a um documento que relata o encontro entre a diretoria internacional do Citigroup e Lula.
O principal assunto do encontro era a retirada de Daniel Dantas da Brasil Telecom.
Lula alega que nunca soube da bandalheira que ocorria à sua volta, mas o fato é que ele interferiu pessoalmente numa disputa comercial, pressionando um banco estrangeiro a favorecer um grupo privado que o financiava em detrimento de outro. • Daniel Dantas perguntou ao empreiteiro Sérgio Andrade, da Andrade Gutierrez, qual era o papel de Lula no esquema do mensalão.
Sérgio Andrade, que é amigo de Lula, respondeu que o presidente não apenas sabia de tudo, como comandava o esquema.
O resto da história já foi contado aqui e em outras matérias de VEJA, do achaque de 50 milhões de dólares praticado por Delúbio Soares à ajuda prestada por Daniel Dantas para acobertar o superfaturamento da empresa do filho de Lula.
O único ponto que resta em aberto é a Kroll.
Daniel Dantas conta que contratou a empresa para investigar um suposto desvio de dinheiro do presidente da Telecom Italia, Roberto Colaninno, na compra da CRT.
Quando o caso de espionagem veio à tona, Daniel Dantas temeu ser preso.
Um agente da Kroll foi contratado então para descobrir os dados bancários de Lula e de seus ministros no exterior.
A lista que ele apresentou é aquela que está em poder do procurador-geral da República.
Daniel Dantas tratou de desmerecer publicamente o trabalho do agente da Kroll, considerando seus achados inverossímeis.
Em particular, ele e seus homens são muito menos céticos.
Eles acreditam no agente da Kroll.
Eu também.