Por Edilson Silva* As eleições municipais deste ano no Recife trazem um elemento novo: a presença do PSOL, que participa de sua primeira eleição neste nível, pois fomos legalizados somente em 2005.
Esta novidade não acontecerá apenas em Recife, mas em outras 450 cidades brasileiras, dentre as quais as capitais e as maiores cidades do país.
Em Pernambuco, as cidades de Jaboatão, Cabo, Paulista, Olinda, Camaragibe, Bom Jardim, Garanhuns, Palmares, Petrolina e Ouricuri também terão candidaturas majoritárias do PSOL.
Esta capilaridade nacional do PSOL reflete o espaço político que existe em nossa sociedade para um projeto alternativo, ético e de esquerda.
Reflete também que o PSOL marcha firme para construir-se como parte estratégica, consciente e fundamental de um projeto político para o nosso país, não se configurando, portanto, em mais uma sigla partidária especializada e voltada exclusivamente para cálculos eleitoreiros. É dentro deste contexto que apresentamos nossa candidatura em Recife e que assumimos nossos compromissos com os recifenses.
Vamos fazer uma campanha muito humilde em recursos.
Assim o será porque não contraímos, por coerência política, relações políticas com corporações empresariais que possam interferir em nosso discurso e em nossas propostas.
Buscaremos, no decorrer da campanha, doações cidadãs à nossa candidatura, para viabilizar minimamente nosso diálogo com os recifenses.
Nossa campanha talvez não tenha sequer comitê central na cidade, certamente não terá carro de som, terá poucos panfletos e outros impressos, mas os recursos que ingressarem em nossa candidatura, assim como os gastos, estarão disponíveis para a fiscalização dos recifenses em nosso blog.
Faremos uma campanha com preocupação ecológica e ambiental, combatendo a poluição visual na cidade, respeitando os espaços públicos e privados, orientando a população a não jogar impressos no chão, inclusive disponibilizando, em nossas panfletagens, recipientes para que os recifenses possam, democraticamente, descartá-los se assim o desejarem, sem poluir a nossa cidade.
Faremos uma campanha de alto nível, sem agressões de cunho pessoal aos nossos adversários no pleito, mas não abriremos mão de expressar a indignação popular contra o histórico passado e recente de desrespeito ao nosso povo, denunciando com veemência os desmandos e os respectivos responsáveis por este estado de coisas.
Não vamos fazer uma campanha demagógica e recheada de promessas vazias.
Vamos sim, apresentar propostas simples para problemas que sobrevivem a todos os governos que se revezam no poder.
Nosso povo não tem atendimento básico com um mínimo de qualidade na educação e na saúde.
Nossos jovens estão sem presente e sem futuro.
As soluções para os problemas de nossas periferias são administradas a conta-gotas, enquanto as elites amigas da atual administração municipal recebem privilégios milionários, inaceitáveis.
Vamos propor inverter esta lógica.
Vamos denunciar sem medo a fraude que significa o Orçamento Participativo, um processo viciado, em que o poder político e de coação da prefeitura se faz sentir na definição das prioridades, e onde estas, quando não agradam aos interesses e aos cabos eleitorais da prefeitura, são solenemente ignoradas.
Apresentaremos como alternativa um outro modelo de orçamento, em que as prioridades sejam respeitadas, que seja transparente e democrático de fato, e que não discuta apenas migalhas do orçamento da prefeitura.
Assumimos o compromisso de, no mandato, combater implacavelmente a corrupção e o seqüestro da prefeitura por grupos privados.
Vamos acabar com os cargos comissionados ocupados por cabos eleitorais.
A partir do 2º escalão, somente servidores públicos de carreira poderão ocupar tais cargos.
Vamos combater a terceirização, em que amigos do poder e financiadores de campanhas eleitorais são premiados com polpudos contratos, e também auditar os contratos e concessões milionárias da prefeitura, como no recolhimento e tratamento do lixo, transportes públicos e fornecimento da merenda escolar.
Assumimos o compromisso de, no mandato, lutar diuturnamente para que nossa cidade seja um exemplo de responsabilidade ambiental, incentivando, subsidiando e premiando a reciclagem, o consumo consciente, o cuidado com nossos rios, partindo de exemplos que serão dados pela própria prefeitura, que não deverá, por exemplo, comprar papel de empresas que agridam o meio ambiente.
Assumimos o compromisso de, no mandato, fazer um mutirão com a sociedade civil pela construção de instrumentos concretos de Controle Social, construindo uma outra cultura política no imaginário popular, garantindo progressiva e efetiva participação popular na gestão pública em todas as áreas, reabrindo as discussões sobre o plano diretor da cidade, realizando conferências abertas e amplamente divulgadas, assim como o Congresso da Cidade.
O aprofundamento e aperfeiçoamento de nossa democracia dependerá de nossa intervenção de baixo para cima na sociedade, e o papel da democracia nos municípios é fundamental.
Esses são nossos compromissos.
A partir deles vamos construir nosso programa, de forma coletiva, dialogando com a população e acreditando sempre que a liberdade e a democracia são os melhores ingredientes para uma gestão verdadeiramente popular.
Nossa campanha será pobre em recursos, mas rica em suor, militância, criatividade, coerência e coragem. *Presidente do PSOL-PE e candidato à prefeitura do Recife, escreve para o Blog dentro da série “Recife 2008.
Debate com os prefeituráveis”.