Por Carlos Eduardo Cadoca* A três meses das eleições, a Prefeitura do Recife corre contra o tempo e se lança a uma verdadeira corrida maluca para tentar fazer o que não fez em oito anos e mostrar que vai, enfim, colaborar no combate ao grave problema da segurança no Recife, umas das cidades mais violentas do país.

As ações de combate a violência anunciadas segunda-feira têm tamanho, forma e toda a pinta de um pacote puramente eleitoreiro. Às escuras, a cidade vive a sensação de insegurança aumentar para quem anda de carro e especialmente para aqueles que precisam andar a pé.

A iluminação pública é precária, afetando principalmente bairros mais pobres da periferia, onde a Prefeitura diz ter feito a opção de priorizar e cuidar.

A má qualidade na gestão, especialmente no que se refere à segurança na cidade, fica cada vez mais evidente.

Embora a questão da segurança seja constitucionalmente uma responsabilidade do estado, é dever das prefeituras trabalhar em sintonia com o Governo e com os órgãos de segurança na prevenção da violência.

Mais ainda quando há verbas federais para combater a insegurança nas ruas.

Pois bem.

O projeto Reluz, com verbas do governo federal, para iluminação pública vem sendo adiado pela Prefeitura do Recife desde o ano de 2003.

E por isso, lançou agora o projeto Farol, com verbas próprias, contratou às pressas 276 guardas municipais e criou a ouvidoria da guarda municipal.

Vai investir R$ 39 milhões em iluminação pública nestes dois programas, cujas obras devem terminar até o final deste ano.

Ora, um pacote às vésperas das eleições e do início da campanha política?

Tá lembrando a Via Mangue, lançada em igual situação, em 2004, e até hoje se limita ao que resolveram chamar de “primeira etapa”, que é um túnel que leva nada a lugar algum.

A Via mesmo, tal qual foi prometida com alarde, não saiu.

Não há como recuperar o tempo perdido.

Fazer programas eleitoreiros, usando a máquina a favor de uma candidatura, revela o descaso e a falta de compromisso com a população.

Sabemos que a iluminação pública não fará sozinha nenhum milagre.

A questão da segurança passa pelo desemprego, que ainda é grande, apesar do especial momento de desenvolvimento que o estado está atravessando.

Passa também pela educação, pela formação profissionalizante que ajuda a qualificar, especialmente os jovens na disputa por vagas no mercado de trabalho.

Mas não podemos negar que ruas iluminadas contribuem fortemente para inibir a ação dos marginais.

Sem contar que criam uma sensação de maior segurança nas pessoas.

Pior ainda.

Existem verbas e programas de repasses federais como o Reluz que simplesmente foi adiado por mais de cinco anos. É, portanto, uma questão de gestão e não de dinheiro público.

Seria romântico andar às escuras pelas ruas da cidade se não fosse trágico correr o risco de ser assaltado.

O Recife precisa mudar.

O Recife precisa de um novo rumo.

E aos retardatários vale uma lembrança: remédio eleitoreiro contra problemas graves pode provocar efeitos colaterais sérios.

Pelo visto, querem mesmo pagar pra ver. *Deputado federal e candidato à PCR pelo PSC, escreve às quartas para o Blog, dentro da série “Recife 2008.

Debate comos prefeituráveis”.