Por Edilson Silva* As eleições municipais em Recife perderam mais dois candidatos nos últimos dias.

Luciano Siqueira foi para o palanque de João da Costa, e Raul Jungmam direcionou-se a Cadoca.

Os discursos de despedida e de adesão são tão cheios de verdade quanto eram verdadeiras suas propostas para a cidade.

Estes episódios políticos são reveladores do pragmatismo que faz com que os processos eleitorais tornem-se uma espécie de corrida de cavalos.

O tamanho da suposta dianteira de tal ou qual candidato impõe uma força centrípeta sobre os frágeis de convicção e demasiadamente sensíveis ao cheiro do poder.

O resultado é um amontoado de “apostadores” torcendo pela vitória do supostamente favorito e, obviamente, pela repartição do prêmio.

Não estivesse o poder público, a prefeitura do Recife no caso, seqüestrada pelo descontrole público, entregue aos interesses e caprichos de grupos políticos, intermediários de interesses privados, talvez os processos eleitorais cumprissem um distinto papel na sociedade brasileira.

Talvez o que predominasse fosse o debate de idéias e propostas para a nossa cidade.

Mas não.

O que predomina é a matemática eleitoral buscando uma resultante mais vantajosa financeiramente.

Uma nuvem de cabos eleitorais, organizados ou não em partidos, de grandes empresários a inexpressivas lideranças de comunidades, todos ávidos pela repartição do prêmio: cargos, empregos, facilidades, contratos milionários, sociedade privilegiada com o dinheiro público. É por isso que o PSOL defende uma revolução democrática na prefeitura do Recife, um choque de ética.

Os cargos de confiança ou comissionados, porta de entrada de cabos eleitorais no serviço público, precisam ser extintos imediatamente, a partir do segundo escalão.

Só nesta medida já diminuímos em muito o “prêmio” dos delinqüentes da política.

Defendemos a democratização e transparência real da destinação dos recursos da prefeitura.

Nada de privilégios para cartéis, como das empresas de transporte coletivo, coleta e tratamento de lixo, ou consultorias, como a FINATEC.

A relação da prefeitura com o setor privado deve ser transparente, com pregões eletrônicos e públicos, com licitações baseadas não somente no preço, mas na responsabilidade social e ambiental.

Só nesta outra medida já tiramos mais um pedaço robusto do “prêmio” dos assaltantes do dinheiro público.

Medidas simples como estas, porém corajosas, já tornariam os processos eleitorais menos vulneráveis ao poder econômico, constrangendo enormemente a privatização da política e a corrupção inevitável que vem na sua esteira.

Talvez assim, os dois desistentes citados no primeiro parágrafo, mantivessem suas candidaturas para expressar num momento tão importante da cidade e da democracia suas idéias, propostas, convicções, se é que eles as tinham realmente.

Ou talvez eles nem tivessem se aventurado, permitindo uma visualização mais nítida por parte da sociedade dos reais projetos à sua disposição.

Mas, o poder econômico vai impondo uma espécie de pré-turno nas eleições.

A pré-campanha vai servindo para transparecer quais os competidores estão em supostas melhores condições de vencer o páreo.

O PSOL luta contra esta lógica.

Disputamos e apostamos sim, na ética, no poder das idéias, no aprofundamento da democracia como fator indispensável para a construção de uma cidade e um mundo melhores. *Presidente estadual e pré-candidato do PSOL a prefeito do Recife, escreve para o Blog às sextas, dentro da série “Recife 2008.

Debate com os prefeituráveis”.