Por Mendonça Filho* O esporte talvez seja o mais poderoso meio de socialização que existe. É através da prática esportiva que as pessoas se mobilizam, se congraçam, vivem momentos intensos e, de quebra, ainda prestam um grande serviço à própria saúde.
Uma área de lazer e esportes bem estruturada traz uma movimentação extremamente positiva para qualquer comunidade, elevando a auto-estima dos moradores e recuperando um território que poderia ser usado para fins nada saudáveis, como o tráfico de drogas e outras atividades ilícitas.
Investir em esportes não demanda rios de dinheiro dos cofres públicos: fiz isso quando da minha passagem pelo Governo do Estado, com o projeto Jovem Campeão, quando construímos 160 quadras em todo o Estado, sendo 40% delas na Região Metropolitana do Recife, onde a densidade demográfica é bem maior.
Fiz e pretendo fazer novamente caso a população do Recife me confie essa missão: vamos lançar o Jovem Campeão no âmbito municipal, com a construção de 60 quadras – sendo 10 por cada Região Político-Administrativa (RPA) – e quatro vilas olímpicas, aproveitando as instalações dos Centros Sociais Urbanos (CSU) como Afrânio Godoy (Alto do Pascoal), Bidu Krause (Tejipió), e áreas como o Engenho Uchoa (Areais) e o Parque do Caiara (Cordeiro). É angustiante ver o estado de abandono a que foram lançados esses espaços.
Cada vez que visito uma comunidade, ouço das pessoas que elas não receberam o cuidado devido e na esmagadora maioria das vezes a reclamação é apenas uma: falta uma área de lazer e de esportes para que o povo, já tão sofrido, possa se divertir livremente e de graça.
Sempre que entregava uma quadra dentro do projeto Jovem Campeão eu via nos olhos de cada pessoa o sentimento de alegria por saber que, dali em diante, haveria um espaço digno para a peladinha diária.
Mães de família vinham me dizer que aquela simples quadra – repito, o investimento não é alto – seria uma aliada no sentido de que seus filhos não cedessem às tentações da criminalidade.
E além disso, quantos craques de futebol, vôlei e basquete não podem ser revelados quando se dá a eles a oportunidade de desenvolver seus talentos! É preciso avançar nesse sentido.
A Academia da Cidade é, decerto, uma boa idéia da gestão atual e eu não tenho qualquer problema em admitir isso, pois comungo da filosofia de que a prática esportiva enobrece o ser humano e lhe dá uma saúde bem melhor.
Mas o problema é a forma como esse projeto foi aplicado.
Fica bastante bonito para a Prefeitura instalar uma Academia da Cidade às margens da Agamenon Magalhães, na Avenida Beira-Rio, no Parque da Jaqueira ou no calçadão de Boa Viagem, mas por onde tenho andando – na periferia do Recife – não existem áreas de lazer.
Essa realidade pode ser mudada.
Vinculando o esporte à educação, fazendo da quadra um importante apêndice da sala de aula, temos tudo para evitar que nossos jovens sejam entregues de bandeja na mão de bandidos.
Podemos formar campeões e cidadãos. *Presidente estadual e pré-candidato do DEM à Prefeitura do Recife, escreve para o Blog às quintas, dentro da série “Recife 2008.
Debate com os prefeituráveis”.