Por Isaltino Nascimento* Para os nordestinos é estranho imaginar que os festejos juninos não sejam celebrados em outras regiões do país da forma como estamos acostumados a ver desde criança.

Com fogueira, comidas típicas, dança, simpatias, os arraiais enfeitados e cheios de animação.

Mas esta é uma festa bem nossa.

Ou melhor, herdada dos europeus, que ainda comemoram a data em função da chegada do solstício, e que foi integrada à nossa cultura ganhando contornos bem próprios.

Características que não são vistas em nenhuma outra parte do país.

Um nordestino que vá a qualquer outra região brasileira nesta época, principalmente na véspera de São João, como hoje, dificilmente verá uma mínima fogueirinha ou encontrará algum arraial montado.

Já tive a oportunidade de estar fora de Pernambuco nesta data e é realmente frustrante perceber como é pequeno o significado destes festejos para os moradores de outras regiões.

A não ser para aqueles nordestinos “refugiados”, que insistem em montar seu arraial no quintal de casa.

Falo disso porque considero de extrema importância não apenas exaltarmos nossas tradições, mas transmitir para as futuras gerações a importância deste traço tão forte da nossa cultura. É bem verdade, como já citei acima, que a tradição foi introduzida em nossa cultura pelos portugueses, que lá denominam estas festas de “santos populares”.

E que os portugueses, como diversos outros povos europeus, tem esta celebração no seu calendário desde antes do nascimento de Cristo, em função da festa pagã do solstício de verão – época em que se comemorava o início da colheita.

Aqui a data também se associou à colheita, principalmente do milho, que explica a adoção de tantas iguarias típicas à mesa, a exemplo da pamonha e da canjica.

E tudo ligado aos santos, principalmente a São Pedro, pelas chuvas caídas nas lavouras desde março, quando tradicionalmente se inicia o plantio com fé na força de São José.

Não podendo esquecer de Santo Antônio e São João, afinal, a denominação festa junina vem originalmente de “joanina”, numa referência a este último santo.

E reúne um sem número de elementos, como a dança das quadrilhas, os bacamarteiros, as fogueiras, balões, quermesses, muito forró nos arraiais, e, claro, todo o ritual católico em torno dos santos homenageados.

Só que aqui as festas juninas têm um ingrediente especial: o calor do nordestino, que invade os arraiais com a mais pura animação, tornando-as realmente sem igual. *Isaltino Nascimento (www.isaltinopt.com.br) é deputado estadual pelo PT, líder do governo na Assembléia Legislativa e escreve para o Blog às terças.