Por Ana Lúcia Andrade De Política doJC, enviada especial a Petrolina JC - Chegar à convenção foi uma demonstração de força do senhor no partido?

GONZAGA PATRIOTA - Eu diria que uma grande vitória do partido.

Porque o PSB nunca teve uma convenção tão democrática como essa.

Por outro lado, foi muito positiva para o presidente nacional, o governador Eduardo Campos.

Porque as enganações têm pernas curtas.

E cada blog que anunciava que o governador tinha batido o martelo, que o candidato seria Odacy, isso repercutia nas rádios e jornais locais.

E não era bom para o governador.

Um democrata, que aprendeu na universidade de Arraes, que é a universidade do sofrimento, se transformar num ditador!

Eu tenho um respeito muito grande pela família Coelho, mas nunca concordei com a maneira de eles fazerem política.

Porque é a política antiga, a do coronelismo, a imperialista.

O PSB é um partido aberto.

Que discute com a sociedade, estudantes, sindicatos, advogados…

Então quem faz política como eu faço, desde menino, na escola, não gosta de ver as coisas impostas.

Estou muito feliz em poder participar, pela primeira vez, de uma discussão democrática, como vai ser essa.

JC - O senhor ressalta o caráter democrático da convenção, mas ela também não pode agravar a disputa interna que existe hoje no PSB?

PATRIOTA - Acredito que não.

O PSB tem 20 anos em Petrolina.

E naquela derrota de Arraes, por mais de um milhão de votos (em 98), ele ficou muito pequeno.

O pessoal saiu do partido para apoiar Jarbas Vasconcelos (PMDB).

E o partido recebeu esse pessoal há dois anos.

Com certeza esse pessoal quer continuar no Poder.

Como sempre esteve.

Porque quando Fernando Bezerra era do PDS, e viu que o espaço estava pequeno, ele foi para o MDB.

Mas continuaram no Poder.

Com Eduardo governador e presidente do partido, o resultado do congresso de hoje é o de que o partido não deve se dividir.

Pelo menos foi isso que eles prometeram.

E não serei eu que dividirei o partido.

Estou há 16 anos no PSB e se depender de mim a gente vai fazer o partido crescer no Estado todo.

Vou lutar para ser o candidato indicado na convenção e espero que eles possam apoiar minha candidatura e participar também do meu governo.

JC - Há esse compromisso, de que o vencido apoiará o vencedor?

PATRIOTA - Não.

Nós apenas fizemos um regimento para o congresso colocando esse ponto.

Mas apenas no regimento interno do congresso.

Não há compromisso meu com Odacy, nem dele para comigo.

Mas espero que isso possa acontecer.

Até porque política a gente tem que fazer pensando no futuro.

Eu me arrisquei muito na campanha de Garotinho à Presidência da República, com Lula, meu amigo, com uma eleição ganha, porque Garotinho era do meu partido.

Na campanha de Dilton da Conti, acompanhei ele por todo esse Sertão porque era do PSB.

Então esse povo sabe que sou partidário, que sou fiel.

Da mesma maneira que fui candidato em 2000, com o partido pequeno, mas fui para que o PSB não morresse.

Acredito que a nossa maturidade, tanto do grupo de Fernando quanto do meu, não vai deixar que a gente possa retroceder em nada.

Na eleição de Eduardo (2006) nós fizemos em separado.

A carreata dele com Fernando ia para um lado, depois comigo para o outro.

Mas depois tivemos que nos sentar, conscientes de aquela era uma campanha para o governo do Estado e Eduardo saiu daqui com 80% no primeiro turno.

Estou pronto para ajudar o partido, o governador, mas não posso é me afastar da minha aliança.

Eu jamais poderia fazer acordo com esse povo.

E não tenho medo de terceira via de ninguém. (reagindo às especulações de que Fernando poderia apoiar Geraldo Coelho, do PTB, caso perca a convenção).

JC - E o argumento de que o prefeito Odacy Amorim, como prefeito, deveria está na condição natural de candidato à reeleição, o senhor discorda?

PATRIOTA - Acho que colocaram isso na cabeça de Odacy.

Não existe candidatura nata, ela nasce dos partidos.

Por outro lado, eles dizem que se eu sair candidato, Petrolina vai perder um deputado.

E por quê?

Fernando não era deputado e deixou de ser para disputar a prefeitura?

Mais recente, ganhou uma eleição para ser prefeito e foi ser secretário?

Eles não têm nenhuma autoridade para dizer que Gonzaga não pode deixar de ser deputado.

Eles falaram muito que eu não tinha trazido nada para Petrolina.

Só que eu estive levantando e só de emendas assinadas por mim para a cidade há nos últimos sete anos, 80 milhões de reais.

Eles estão é com medo.

JC - Se o senhor ganhar a convenção seu nome agrega os partidos que hoje defendem Odacy?

PATRIOTA - Eu tenho certeza que sim.

Porque na eleição de 2004, quando eu não tinha tanta chance de ter tantos partidos, eles acreditaram em minha história, no que eu fiz e deixaram de lançar candidato para me apoiar.

O PT, PCdoB, PDT.

A gente fez uma frente de onze partidos.

Se eu ganhar (a convenção), eles virão para cá.

Porque praticamente nenhum deles tem candidato, com exceção do PDT e do P-SOL.

Me dou bem com todos os presidentes dos partidos, tenho conversado com eles, agora, não quis constranger ninguém.