Por Ana Lúcia Andrade De Política do JC, enviada especial a Petrolina JORNAL DO COMMERCIO – O senhor está otimista com a convenção deste domingo?

ODACY AMORIM - Tirei um tempinho na sexta-feira e sábado para visitar alguns eleitores porque o partido aqui está muito forte.

Mas estou confiante em Deus de que vou ganhar essa batalha. É uma luta de Davi contra Golias.

Ele é deputado há muito tempo, tem o monopólio do partido, criou problema com as nossas filiações, retirou algumas, impugnou outras, o partido aqui é muito fechado.

Mas tudo bem, isso é coisa que se supera.

JC - Mas em contrapartida o senhor tem o apoio de um secretário forte do governo, Fernando Bezerra Coelho, e do governador Eduardo campos.

ODACY - Eu sei que tenho a solidariedade do governador, mas essa é uma luta que é feita aqui dentro.

E essa batalha nós vamos fechar hoje.

JC - E nessa batalha ter a solidariedade do governador não faz a diferença?

ODACY - O apoio do governador é importante.

Mas é porque nós não esperávamos que fosse chegar a isso, a bater chapa.

Termina sendo realmente uma luta em que, por mais que o governador queira, ele não tem como fazer grandes intervenções.

Até porque se trata de pessoas que têm ligações com ele e com o partido.

Mas é bom que se registre que eu fui o primeiro vereador do PSB em Petrolina.

Quando me elegi aos 20 anos (em 92), Gonzaga era do PDT.

Então também tenho uma trajetória no partido, tinha uma ligação com doutor Arraes, com Ranilson Ramos e com Fernando Bezerra.

Existe esse debate, essa luta, e meu grande problema é que não gosto muito de aparecer.

Gosto é de trabalhar.

Minha liderança será consolidada agora.

Nessa história de Davi e Golias, Davi já consegue ter 16 partidos, 9 vereadores, 1 deputado federal, 2 estaduais.

O PDT é que ainda está resistente, mas também não luto para tê-lo no meu partido.

Não quero nada forçado.

Já fiz um apelo a José Queiroz, ao vice-governador João Lyra, e ao PDT local.

JC - O senhor reconhece que chegar à conveção, ao bater chapa mostrou a força de Gonzaga Patriota?

ODACY - É.

Mas acho que nem sempre é bom medir força.

Todo mundo tem força.

E às vezes quando se mede força termina-se perdendo força.

O caminho é juntar força.

Petrolina tem dois deputados federais e o que eles devem fazer é prestar contas do que fazem.

Porque na ponta, no meio e no centro de tudo isso é o povo.

E o povo cobra de mim e vai cobrar dos deputados essa coisa de já entrar numa eleição pensando na outra.

JC -Que cenário o senhor imagina para o PSB após esse embate deste domingo?

ODACY - Acho que o partido vai sair forte.

Agora poderia sair mais forte.

Porque era para ter tido um entendimento, não precisava chegar a esse ponto.

Mas, como dizem, família grande não presta nem para tirar retrato…

Então talvez seja isso que está acontecendo em Petrolina.

JC - O senhor acredita que se vencer terá o apoio de Patriota?

O partido seguirá unido no caminho que a convenção indicar?

ODACY - O melhor caminho é a união.

JC - Então o senhor, derrotado na convenção, apóia Patriota?

ODACY - O caminho é a união.

O melhor nome para ganhar a eleição é o meu.

Pela capacidade de aglutinação de forças políticas em torno do meu nome.

Essa era a leitura que o partido tinha que ter feito.

O partido cobrou de mim tudo, e eu dei tudo que o partido pediu.

Nós somos a cidade mais dinâmica do Estado, reconhecida pela Gazeta Mercantil, do projeto que o governo tem defendido com unhas e dentes, o de segurança pública, Petrolina é a cidade que ofereceu a melhor solução.

Enquanto o Estado reduziu em 7 % o índice de violência, Petrolina reduziu em 40%.

Estamos para inaugurar o mais importante hospital do interior do Nordeste, o de traumas, no dia 30, e estamos trazendo o IMIP para administrar o Dom Malan, inclusive numa parceria com o Estado.

Então, infelizmente, eu não esperava passar por uma prova de fogo tão grande como estou passando.

Mas aceito, porque minha vida sempre foi feita de muita luta e Deus nunca me faltou.

E é dele que eu dependo totalmente.

JC - O senhor se ressente de uma falta de reciprocidade na relação com o partido?

ODACY - Gostaria de fazer a ressalva de que entendo o gesto do presidente Milton Coelho, do governador, mas só faço uma reflexão: imagine que o governador, daqui a dois anos, para disputar a reeleição, tenha que ir para um bate chapa em uma convenção.

Eu não acho isso normal.

Espero que o governador não passe pelo constrangimento que estou passando.

JC - As pesquisas podem ter influenciado o partido em ter permitido chegar ao bate chapa?

ODACY - Não.

Eu faço pesquisa constantemente e estou oito pontos atrás do deputado, que passou dois anos usando seus meios de comunicação para fazer oposição ao meu governo e ao do governador Eduardo Campos.

Sou uma pessoa de grupo, de partido, e essa minha condição faz com que eu esteja nas horas fáceis e nas difíceis.

Quando eu aceite ser vice de Fernando, aceitei em nome de um projeto de grupo.

Fernando estava em terceiro lugar nas pesquisas e eu aceitei.

Eu tinha uma reeleição de vereador mais ou menos garantida.