André Regis* Neste processo eleitoral, tenho acompanhado as críticas feitas aos candidatos a prefeito quanto ao estilo de cada um.
São freqüentes considerações do tipo: fulano não empolga, sicrano é arrogante, beltrano é antipático, ou coisas do gênero.
Geralmente, essas análises são feitas em termos de considerações quanto à viabilidade das candidaturas.
Afinal, existe algum estilo capaz de ajudar ou de atrapalhar na disputa eleitoral?
Pelo que tenho examinado, em termos de chances de sucesso, não há um estilo superior ou inferior; melhor ou pior.
Se tomarmos como base políticos vencedores em eleições majoritárias, em qualquer dos níveis da federação, chegaremos à conclusão que seus estilos são diferentes, por vezes, inclusive, antagônicos.
Ser elegante ou não; bonito ou feio; simpático ou antipático; culto ou ignorante; objetivo ou prolixo; jovem ou maduro; nada disso tem sido suficiente para levar alguém ao cargo almejado.
Até mesmo porque há uma enorme possibilidade de combinações.
Alguém pode ser elegante, simpático e despreparado, ou antipático, preparado, idoso e feio, por exemplo.
Enfim, as diferenças são marcantes.
No entanto, fica o registro de que em regra são todos, no seu próprio estilo, carismáticos e originais.
Neste sentido, por exemplo, alguns casos são emblemáticos.
No âmbito federal, Collor foi eleito tendo como características: a coragem, a juventude, a aparência física, a origem familiar.
FHC foi eleito como intelectual, competente, maduro.
Já Lula como popular, pela origem pobre, líder nato.
No plano estadual o mesmo acontece.
Se por um lado, tivemos a figura de Marcos Freire, eleito senador em 1974, famoso pelo charme, eloqüência e simpatia.
Em contraponto, tivemos Miguel Arraes, maior fenômeno eleitoral de todos os tempos em Pernambuco, desprovido de qualquer desses atributos.
No plano municipal, Roberto Magalhães e João Paulo revelam contrastes marcantes.
Destaco, ainda, que o imbatível não existe na política brasileira.
Tancredo, Collor, Itamar, FHC e Lula, todos sofreram derrotas.
Assim como Jarbas, Joaquim, Arraes, etc.
A virtude perseverança parece ser também uma característica comum aos vitoriosos.
Percebo, no entanto, que todos souberam ler bem as circunstancias políticas de seu tempo.
Apresentaram-se sob medida para os cargos que disputaram.
Não deixo de reconhecer, entretanto, e, além disso, a possibilidade de lapidação de um estilo ao longo de sucessivas eleições.
Assim o político deve estar atento à necessidade de ajustes em seu estilo, para compatibilizá-lo com as circunstâncias do momento.
O estilo bem sucedido de hoje, pode ser a razão do fracasso no futuro, ou vice-versa.
As campanhas também servem para que a população confirme ou não o estilo do candidato.
Ao longo das disputas, muitos políticos revelam a falta de substância da sua imagem pública.
Com atenção, podemos perceber que não passa de cobre e vidro o que julgávamos ser ouro e diamante.
Em resumo: nesse campo, não há fórmula mágica para a vitória.
Sem dúvida, isso torna a disputa rica e imprevisível.
Não toquei na questão da honestidade, pois ser honesto deve ser um pressuposto independente do estilo pessoal de cada um. *Cientista político e conselheiro federal da Ordem dos Advogados do Brasil representando Pernambuco. src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/show_ads.js">