Já estão na Europa dois representantes do Conselho Indígena de Roraima (CIR) para cumprir uma série de audiências em seis países em busca de apoio à manutenção da demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol em área contínua, questionada na Justiça.
A viagem, confirmada à Agência Brasil pelo coordenador-geral do CIR, Dionito José de Souza, é bancada com a ajuda de organizações não-governamentais (ONGs) definidas por ele como “parceiros da Europa”.
No roteiro, estão encontros com governantes, parlamentares e representantes de ONGs.
Dionito nega que o objetivo seja obter recursos financeiros.
Diz , porém, não saber claramente de que forma os estrangeiros podem ajudar. “Queremos dizer que somos pessoas, gente que procura os seus direitos, para que o mundo dê reconhecimento total aos povos indígenas.
O que puderem fazer de bom para nós será bem-vindo”, afirmou o coordenador.
Os enviados à Europa foram o makuxi Jacir de Souza, também coordenador do CIR, e a wapichana Pierlangela da Cunha, professora indígena.
Até o dia 8 de julho, data prevista para o retorno, eles devem passar por Espanha, Itália, França , Inglaterra, Portugal e Bélgica.
A viagem está inserida na campanha Nossa Terra, Nossa Mãe, de entidades indígenas e outras organizações.
Dionito rejeita a tese de que a viagem reforça os argumentos dos arrozeiros de que parte dos índios de Roraima é manipulada por interesses internacionais. “Isso é um pensamento bobo.
Se fosse assim, o tio Lula [presidente da República] não sairia para viagens internacionais, com grandes reuniões em Genebra, na Áustria, na África.
Os indígenas também têm direito.
Só porque o Ronaldinho [atleta de futebol] joga na Europa, ele quer internacionalizar o país?“, argumentou.
O Supremo Tribunal Federal (STF) deve julgar no início de agosto as ações que contestam a demarcação da Raposa Serra do Sol em área contínua.
Segundo o relator, ministro Carlos Ayres Britto, a Corte vai buscar uma decisão pautada em critérios “ rigorosamente objetivos”.
Da mesma forma que em entrevistas concedidas anteriormente, o dirigente do CIR sinalizou que os índios não vão se conformar com uma eventual decisão do STF pela permanência dos arrozeiros e não- índios na Raposa Serra do Sol.
Da Agência Brasil