Morreu na madrugada desta terça (17), nos Hospital São Vicente, no Rio de Janeiro, aos 82 anos, Violeta Arraes de Alencar Gervaiseau, irmã caçula do ex-governador Miguel Arraes.
Ela foi internada na UTI do São Vicente, há cerca de um mês, com pneumonia.
Teve uma melhora, chegou a ser transferida para o quarto, mas voltou à UTI com infecção generalizada e não resistiu.
Estavam com ela os dois filhos que moram no Brasil: Henry e Marie Benigne.
Um terceiro, Jean Paul, mora na Europa.
Formada em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio, Violeta Arraes estagiou no final dos anos 40 no Centro Internacional de Economia e Humanismo, onde conheceu seu futuro marido, o economista Pierre Maurice Gervaiseau, muito ligado à Igreja Católica e ao Partido Socialista Francês.
De 1958 a 1964, o casal morou no Recife, participando ativamente da ação política de Miguel Arraes.
Pierre Gervaiseau era colaborador da Sudene.
Violeta esteve entre os fundadores do Movimento de Cultura Popular, ao lado do educador Paulo Freire.
Também tinha estreita ligação com o mundo artístico e literário.
Com o golpe militar de 1964 e a deposição do então governador Miguel Arraes, foi expulsa do País com a família.
No País de Gervaiseau, Violeta fez pós-graduação em Psicologia e trabalhou como psicoterapeuta.
Ela se notabilizou durante os anos de chumbo da ditadura militar por acolher exilados brasileiros em sua casa na França.
O casal voltou ao Brasil em 1979, com a anistia.
De 1984 a 86, Violeta trabalhou como adida cultural do projeto Brasil-França, da Embaixada brasileria em Paris.
Mais tarde, por duas vezes, integrou a equipe de Tasso Jereissati no Governo do Ceará.
A primeira como secretária da Cultura.
A segunda como reitora da Universidade Regional do Cariri (Urca), onde ficou até 2003.
Junto com o marido, criou a Fundação Araripe, com sede no Crato, para preservar a caatinga numa vasta região do Ceará, Piauí e Pernambuco.
Pierre Gervaiseau continua morando no Crato.
Violeta se dividia entre o Ceará, o Rio e a França.
Embora não fosse fumante, há cinco anos ela enfrentou um câncer de pulmão.
Conseguiu se curar do tumor, mas ficou com seqüelas em sua capacidade pulmonar.
O tratamento também lhe causou uma anorexia quase que permanente, lembra o médico Luís Arraes, filho de Miguel Arraes, sobrinho de Violeta.
Ela será cremada no Rio.
Suas cinzas vão ser levadas para o Cemitério do Crato, onde está o jazigo de seus pais.
Atualizada às 18h.