Candidato a prefeito de Salvador, o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA) conseguiu montar uma coligação em torno de seu nome que une partidos adversários na política federal (DEM e PR), religiões antagônicas (católicos e evangélicos) e sistemas de comunicação concorrentes (TV Globo e Record).
A pouco menos de quatro meses das eleições municipais, o palanque de ACM Neto transformou-se em uma espécie de terreiro do sincretismo político, reproduzindo o famoso ecletismo religioso da Bahia.
Uma síntese dessa situação pôde ser observada, na semana passada durante a votação da Contribuição Social para a Saúde (CSS), aprovada por apenas dois votos de diferença na Câmara.
Enquanto ACM Neto votou contra o novo imposto, Márcio Marinho, candidato a vice-prefeito em sua chapa, votou favoravelmente à contribuição.
Bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, Marinho é primeiro suplente de deputado e só assumiu a cadeira na Casa porque Luiz Carreira (DEM-BA) pediu licença do mandato federal para coordenar a campanha de ACM Neto.
Ou seja: se Carreira estivesse na Câmara, provavelmente o governo ganharia a CSS por apenas um voto de diferença.
O sincretismo político de ACM Neto é ditado pela necessidade de sobrevivência do clã no Estado.
Os Magalhães começaram a perder terreno para a oposição em 2004, com a eleição do então pedetista e hoje prefeito de Salvador, João Henrique, atualmente no PMDB.
Continuou em 2006, com a eleição do petista Jaques Wagner para o governo do Estado. “Fui capaz de reverter o isolamento político que o PT da Bahia tentou me impor.
As alianças feitas em Salvador facilitaram as coligações no interior do Estado”, diz ACM Neto.
As eleições de 5 de outubro serão as primeiras nos últimos 50 anos sem a presença do senador Antonio Carlos Magalhães, morto em meados de 2007.
As informações são do jornal O Estado de S.
Paulo.
Da Agência Estado