Por Carlos Eduardo Cadoca* Quem ainda tinha alguma dúvida, possivelmente não tem mais.

Algo deu errado na execução do projeto do Corredor Leste-Oeste.

Acabaram de anunciar mais mudanças para aliviar o trânsito na Avenida Conde da Boa Vista.

Dessa vez, deslocaram de lá as linhas de ônibus de Casa Amarela e da Várzea – em mais um esforço para reduzir os engarrafamentos e o tempo de viagens dos ônibus, mas os transtornos continuam.

O fluxo permanece lento.

E o mais grave: os passageiros estão no sacrifício.

Tenho dito e reafirmo.

O Corredor Leste-Oeste está se configurando como exemplo clássico de como uma boa idéia pode ser prejudicada pela má execução.

Pela falta de planejamento.

Quando o corredor foi implantado, no final de março, circulavam pela Avenida Conde da Boa Vista 98 linhas de ônibus, conforme informações da EMTU.

De lá para cá, pelo menos 52 linhas foram alteradas.

Ou com mudanças de pontos de parada.

Ou sendo transferidas para outras ruas e avenidas.

Os resultados não apareceram.

O nó da Conde da Boa Vista, como se vê, ainda não foi desatado.

A prova são todos esses ajustes sem resultados práticos.

Pior.

O usuário do ônibus, que deveria ter sido o maior beneficiado, saiu no prejuízo.

A solução está na contramão do que se espera da implantação de corredores de transportes coletivos.

Técnicos que consultei explicam que a vantagem de investir em corredores de transportes é exatamente concentrar fluxos para viabilizar a implantação de tecnologias mais eficientes.

Tecnologias que garantam aos passageiros mais velocidade nas viagens a custos mais baixos.

Ou seja, mais qualidade de serviço.

Priorizar o transporte coletivo é correto.

Ninguém aqui está questionando isso.

O Corredor Leste-Oeste faz parte do SEI - Sistema Estrutural Integrado, que todos já conhecem e que representou um avanço importante para o Recife.

Essa é a tendência nas principais cidades do Brasil e do mundo.

Cidades que, assim como o Recife, enfrentam o impasse da mobilidade.

Uma questão complexa.

O problema que destacamos aqui é outro.

Tem a ver com altos investimentos em um projeto sem que tenha havido um planejamento adequado.

Ao que tudo indica, foi o que ocorreu.

Aí, o resultado é esse: muito ruim.

Todos os dias centenas de usuários do sistema de transporte do Recife que têm que passar pelo corredor enfrentam transtornos.

Muitos transtornos.

Principalmente na Avenida Conde da Boa Vista e na hora de voltar para casa, quando cada ônibus tem que esperar a sua vez na parada, aguardando que os passageiros dos ônibus da frente paguem sua passagem ao motorista, formando enormes filas.

A ultrapassagem não é possível por que não há espaço.

A viabilidade do corredor e a forma como iria funcionar deveriam ter sido melhor estudadas antes.

Quando o projeto estava no papel.

E deveria ter considerado a possibilidade de implantar mais facilidades para os passageiros na hora do embarque, pelo menos na Avenida Conde da Boa Vista.

Seria uma forma de reduzir as filas e o tempo que os ônibus ficam nas paradas.

Isso poderia dar mais agilidade ao fluxo.

Depois de tudo pronto, não dá pra ficar só fazendo remendos.

A torcida é para que encontrem um caminho para resolver o problema.

Que desatem o nó.

Afinal, o projeto foi executado com dinheiro público.

A obra é importante, mas está evidenciado que não foi bem executada.

O serviço ao passageiro, que deveria ter melhorado, piorou.

E Isso hoje é uma unanimidade no Recife. *Deputado federal e pré-candidato do PSC à PCR, escreve para o Blog às quartas, dentro da série “Recife 2008.

Debate com os prefeituráveis”.