No mesmo dia em que teve o pedido de cassação aprovado pela Mesa Diretora da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, o deputado estadual Álvaro Lins (PMDB) quebrou o silêncio e partiu para o ataque. “Bandidos que agora se travestem de mocinhos com o beneplácito da Polícia Federal e contam uma história totalmente inverossímil.
O Alexandre Neto é realizador de grampos clandestinos e aliciador de prostituição.
O delegado Maurício Demétrio é um grande canalha, freqüentava a minha casa, saía comigo e minha família.
De uma hora para outra foi alijado das minhas relações por extorsões que fazia a empresas do Rio de Janeiro.
Eu vou desmascarar os dois aqui na Assembléia e na Justiça Federal”, disse Lins.
Os delegados Maurício Demétrio e Alexandre Neto depuseram contra o deputado estadual na Operação Segurança Pública S/A da Polícia Federal.
Lins é acusado pelo Ministério Público de ser o grande beneficiado de um esquema de propina na Secretaria de Segurança Pública na época em que chefiava a Polícia Civil do Estado. “Não tenho medo de investigação nenhuma.
Vou enfrentar isso de cabeça erguida, fazer minha defesa no Conselho de Ética.
Só peço que não pré-julguem somente com as manchetes de jornais, oriundas da má intenção de alguns delegados da Polícia Civil”, disse o deputado, que foi até a Alerj para se defender das acusações. “Eu não vi no corregedor (Luiz Paulo Corrêa da Rocha - PSDB) uma análise profunda dos fatos.
Não há como ele receber uma documentação feita durante dois anos, me ouvir durante uma hora e sair dali já com uma conclusão formada.
Eu não aceito o posicionamento do corregedor”, afirmou.
Corrêa da Rocha se defendeu. “Eu considero que o relatório foi consistente e a representação correta, tanto que foi aprovado por unanimidade pela Mesa Diretora.
Nós, deputados, analisamos não o crime, mas a quebra de decoro, coisa que aconteceu no nosso entendimento”, explicou.
O ex-chefe da Polícia Civil criticou ainda o atual governador do Rio, Sérgio Cabral, que há alguns dias quebrou o acordo de aliança com o PT e lançou como candidato à Prefeitura do Rio o secretário estadual de Esporte, Lazer e Turismo, Eduardo Paes. “Essa representação feita pela Polícia Federal estava pronta desde novembro do ano passado.
Ficou na gaveta até agora.
Será que é coincidência a escolha do candidato do PMDB?
Isso é vergonhoso, uma comédia”, esbravejou. Álvaro Lins é denunciado no esquema juntamente com o ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, e outras 14 pessoas - oito policias ligados ao deputado e mais cinco inspetores.
Juntos, segundo investigação da PF, eles teriam recebido doações ilegais de quadrilhas de caça-níqueis e do jogo do bicho.