Por Edílson Silva* Acabamos de passar pelo Dia Internacional do Meio Ambiente, 5 de junho, data dedicada à reflexão sobre os rumos do nosso planeta.

Tema caro nos dias atuais, dadas as graves condições em que se encontram os nossos ecossistemas, trata-se de tema obrigatório em qualquer debate político sério.

Diferentemente de algumas décadas atrás, quando os temas ecológicos e sobre o meio ambiente eram tratados apenas como um plus na pauta das demandas da sociedade, hoje se trata de assunto de primeira magnitude.

Crianças e jovens de todo o mundo já sabem em grandes linhas o que significa Protocolo de Kyoto.

O “dia depois do amanhã” já saiu da ficção, não desembarcou certeiro em Nova Iorque, mas arrasou completamente Nova Orleans e uma massa desprotegida de pobres e negros.

O futuro já chegou, e com ele a realidade do aquecimento global com todas as suas conseqüências.

Já sabemos das causas, já fomos alertados dos efeitos e já inclusive experimentamos parte deles.

Frear esta marcha insana é tão necessário quanto difícil, mas precisamos tentar, e acreditar que é possível.

Sem enfrentar o modelo de crescimento apresentado como solução pelos capitalistas não há saída.

A produção ancorada na sede de lucros e na competição predatória e não nas necessidades humanas e ambientais é a maior das insanidades a ser combatida.

O que produzir, onde produzir, como produzir, em que quantidade, em que ritmo?

Planejamento mínimo, com consciência social e ambiental, é parte do caminho que a humanidade precisa trilhar para começar a tratar melhor o planeta Terra.

O planejamento deixou de ser uma opção socialista para ser uma necessidade vital para o desenvolvimento sustentável do ponto de vista ambiental.

Esta batalha pela racionalidade passa indiscutivelmente pelas cidades. É nas cidades que consumimos, é nas cidades que impomos tendências de consumo e de comportamento, é nas cidades que nossa voz é ouvida com mais intensidade, pois é nas cidades onde se encontra a demanda do capital.

Uma administração municipal com consciência ambiental incentiva seus cidadãos a uma revolução cultural neste terreno.

Reciclagem e preservação devem ser uma verdadeira obsessão.

A formação de um exército de educadores ambientais deve ser uma meta da prefeitura, ocupando as escolas, postos de saúde, praças de esporte e lazer, todas as comunidades, o centro da cidade, debatendo o tema e ganhando a cidade para a defesa do meio ambiente.

Jogar lixo no chão deve ser considerado infração com direito a trabalho comunitário como penalidade.

As populações residentes à beira de canais e rios podem ter incentivos, como IPTU regressivo, na medida em que mantém os respectivos leitos minimamente limpos, ao mesmo tempo em que multas ou penalidades sensíveis podem ser administradas em sentido contrário.

Equipes de fiscalização podem ser formadas nas próprias comunidades, remuneradas com bolsas de estudo administradas pela prefeitura.

As ruas, vilas ou bairros inteiros, podem ter distinção da prefeitura, através de um “Selo Verde Municipal”, conquistado a partir de iniciativas de preservação do meio ambiente na própria comunidade, como metas de reciclagem, arborização e diminuição coletiva do consumo de energia elétrica e água.

As comunidades que conquistassem o “Selo Verde Municipal” teriam prioridade em investimentos da prefeitura, num orçamento não só realmente participativo, mas também voltado para a elevação do nível de consciência dos moradores da cidade.

A prefeitura, por sua vez, enquanto grande consumidora e formadora de opinião, poderia divulgar na cidade a lista das empresas que agridem o meio-ambiente, desmatando e devastando vegetações nativas para plantar eucaliptos, soja ou cana-de-açucar, transgênicos ou não.

Por exemplo, a prefeitura poderia boicotar e incentivar o boicote às grandes empresas de papel e celulose, que devastam nosso meio ambiente e que dominam o mercado nacional.

Todo o papel utilizado na prefeitura, em todas as secretarias, poderia vir de empresas ambientalmente corretas, mesmo que o preço fosse um pouco maior.

O PSOL, a frente da prefeitura do Recife, agirá com consciência ambiental.

Estas e outras medidas deverão ser implementadas. *Presidente do PSOL/PE e pré-candidato a prefeitura do Recife, escreve para o Blog dentro da série “Recife 2008.

Debate com os prefeituráveis”.