Em legítima defesa Por Marina Silva Inicio minha participação neste espaço com enorme sentido de responsabilidade.
Tenho a oportunidade diferenciada de usar um dos bens culturais mais preciosos: a exposição de idéias, base para o diálogo.
Gostaria de compartilhá-la com os leitores e de, juntos, pensarmos o Brasil e reunirmos forças para ajudar a transformá-lo.
Para começo de conversa, trato de um entrave para o crescimento do país: a postura ambígua do Estado frente ao nosso incomparável patrimônio natural.
O Estado brasileiro criou medidas de proteção ambiental, muitas vezes em situações difíceis.
Esse acúmulo alcança hoje limiar estratégico de inserção da variável ambiental no coração do processo de desenvolvimento.
A sociedade entende esse momento, apóia, demanda.
Diante disso, o Estado não pode se encolher diante do ponto a que ele mesmo chegou.
Movimentos retrógrados, saudosistas do tempo da terra sem lei, fazem pressões e recebem acenos de possíveis flexibilizações.
Mas a sociedade bloqueia e restringe esses acordos.
A Amazônia é o maior exemplo.
A opinião pública mantém o debate, banca o combate ao desmatamento, dá suporte para a manutenção da lei do licenciamento e para a não-flexibilização da legislação ambiental.
O certo é que o Estado, em todos os seus níveis, não consegue utilizar o grande capital político de que dispõe para acompanhar o pique da sociedade.
Ela cresceu, passou a perceber seus problemas de maneira mais complexa.
O Estado cresceu, mas não amadureceu.
Há agora uma discussão importante que resume tudo: é preciso dinheiro para implementar as medidas e normas criadas, porém a relatoria ambiental do Orçamento que está sendo discutido no Congresso foi entregue à bancada ruralista, cuja oposição às medidas de combate ao desmatamento é conhecida.
Talvez tenha havido uma negociação para assegurar aos aliados a relatoria das agendas de aceleração do crescimento.
E o meio ambiente parece não ter tido a mesma prioridade.
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