Em entrevista ontem à Rádio CBN, o brigadeiro José Carlos Pereira, ex-presidente da Infraero, confirmou ter recebido um telefonema da ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, depois de ter dado declarações à imprensa afirmando que o negócio de compra da Varig pela VarigLog (que tinha como sócio o fundo americano Matlin Patterson) poderia ser “impatriótico”. “Um jornalista me procurou e falou da possibilidade de a Varig cair na mão de controle estrangeiro e falei que isso era impatriótico.

Na verdade, usei a palavra de forma errada.

O certo seria ilegal”, disse Pereira.

O telefonema da ministra Dilma ao ex-presidente da Infraero foi revelado pelo jornal O Estado de S.

Paulo na edição de ontem.

Na entrevista à CBN, o brigadeiro conta que, no telefonema, a ministra “ponderou que eu não deveria fazer esse tipo de comentário”. “Eu concordei com a ministra, o problema era da Anac, a Infraero não tinha que se meter”, disse.

Pereira disse que a conversa foi normal e negou que a ministra tenha sido dura. “A ministra Dilma tem seu modo de falar, mas de forma nenhuma (foi dura).” Também ontem, o presidente do PPS, ex-senador Roberto Freire, insinuou, em Curitiba, que as operações de venda da VarigLog, que estão sob suspeita, podem ter tido participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Tenho um pouco de receio que esse seja um assunto muito mais grave do que simplesmente a ministra da Casa Civil (Dilma Rousseff)”, afirmou Freire. “Até porque o senhor Roberto Teixeira não escancara a porta de Dilma, ele escancara a porta de Lula.” A suspeita é que Teixeira, amigo do presidente Lula, tenha usado seus contatos para aprovação da venda.

A VarigLog foi vendida ao fundo norte-americano Matlin Patterson e três sócios brasileiros no final de 2006 por US$ 24 milhões e revendida meses depois por US$ 320 milhões.

A denúncia é que foi desrespeitado o Código Brasileiro de Aeronáutica, que limita a 20% o capital estrangeiro em companhias aéreas, sob complacência e por pressão da ministra chefe da Casa Civil.