Por Sérgio Montenegro Filho Da coluna Pólis “Fazem muito mal à República os políticos corruptos, pois não apenas se impregnam de vícios eles mesmos, mas os infundem na sociedade.

E não apenas a prejudicam por se corromperem, mas também porque a corrompem, e são mais nocivos pelo exemplo do que pelo crime”.

A frase é do filósofo Marcos Túlio Cícero, senador romano que se notabilizou pelo combate à corrupção na pólis.

Um esforço que terminou lhe valendo a degola.

Mas será que, em Brasília, alguém terá mesmo o pescoço cortado?

Afinal, quem ainda se surpreende com notícias como a divulgada esta semana, de que o Brasil tem 1/4 de seus congressistas na mira da Justiça?

No total, dos 594 deputados federais e senadores, 143 são alvo de algum tipo de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF), onde os congressistas têm foro privilegiado.

São 123 deputados e 20 senadores respondendo a algum tipo de processo, e, de acordo com a Procuradoria Geral da República, pelo menos 48 deles estão próximos de se transformar em réus.

Até aí, tudo bem.

Difícil é acreditar num desfecho justo.

Num país de memória curta, casos como o de Renan Calheiros já nem passam mais pela lembrança.

E parece que os senhores parlamentares apostam mesmo nesse esquecimento coletivo.

Mas é de se esperar que a Justiça não esqueça.

Nem todos os deputados e senadores sob investigação, claro, serão definitivamente transformados em réus.

Mas, quanto maior o número, melhor o exemplo.

A maioria dos processos que pesam sobre os congressistas é por crimes contra a administração pública, como peculato e desvio de verbas, e por corrupção passiva ou ativa.

Até aí, vale a advertência legada por Cícero em seus históricos discursos no Senado romano.

Mas a lama é mais profunda.

Há casos de crime de responsabilidade ­ que podem resultar em cassação -, além de crimes contra a Lei de Licitações, crimes eleitorais, crimes contra a ordem tributária, contra o sistema financeiro nacional, lavagem de dinheiro e improbidade administrativa.

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