Além de ser insuficiente para conter a inflação, o aumento de 0,5 ponto percentual nos juros básicos comprometerá o crescimento da economia, avaliou a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

A entidade emitiu comunicado logo após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciar a elevação da taxa Selic de 11,75% para 12,25% ao ano.

Para a CNI, o aumento não surpreendeu o setor produtivo.

A entidade, no entanto, criticou o uso exclusivo da política monetária para deter o aumento dos preços. “As pressões, que se originam preponderantemente dos preços internacionais dos alimentos e das commodities [bens primários com cotação internacional], estão obviamente a salvo do alcance da política monetária doméstica, o que exige outros instrumentos para o controle da inflação”, destacou a nota.

A confederação elogiou a decisão do governo de elevar a meta de superávit primário (economia de recursos para pagar os juros da dívida) em 0,5 ponto percentual para impedir a alta da inflação, medida anunciada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Mesmo assim, a entidade comentou que esse esforço fiscal deve ser feito por meio do corte de gastos públicos, não pela elevação da carga tributária. “As indicações mais recentes de elevação do superávit primário constituem um avanço, que melhora a qualidade da política macroeconômica.

De todo modo, para ser mais efetiva no combate à inflação, a proposta deve concentrar-se na contenção do gasto público, que cresce excessivamente”, ressaltou o comunicado.

Segundo o texto, é necessário maior rigor na política fiscal para barrar o avanço da inflação sem pôr em risco o ciclo de crescimento por que passa a economia brasileira. “A alta excessiva dos juros anula os efeitos positivos de políticas de estímulo à produção – pois encarecem o financiamento para investir na produção; e a conseqüente valorização do real reduz a competitividade dos produtos nacionais.

Ambos conduzem ao menor crescimento”, conclui a nota da CNI.

O aumento dos juros básicos ocorreu no dia em que a entidade anunciou que a indústria brasileira obteve, em abril, o maior faturamento desde junho de 2007.

As horas trabalhadas registraram expansão de 9,1% no acumulado em 12 meses, a maior desde agosto de 2004.

Da Agência Brasil