Por Isaltino Nascimento O título deste artigo é o mote da campanha lançada ontem (2) na Assembléia Legislativa de Pernambuco durante debate que reuniu integrantes de religiões de matriz africana e dos movimentos negros.
Feita a pergunta, é preciso explicar o significado religioso da propriedade do Acais, localizada em Alhandra, na Paraíba, para aqueles que aqui em Pernambuco e em outros Estados promovem o Culto à Jurema.
Alhandra, conhecida como “berço da Jurema” e terra de mestres renomados, é cenário de um fenômeno único, denominado “cidades da Jurema”.
São santuários, alguns seculares, formados por um ou mais pés de jurema-preta, considerados moradia dos mestres “encantados”.
Entre eles, Malunguinho, quilombola morto em 1835 que ficou famoso pela sua luta pela libertação dos escravos, sendo cultuado até hoje por aqueles que empreendem religiões afro.
E porque a campanha para salvar o Acais começa em Pernambuco?
Porque aqui existe o movimento Quilombo Malunguinho e pesquisadores que se sensibilizaram com a luta solitária de Joseane, uma educadora de Alhandra, que há anos tenta sensibilizar a prefeitura municipal para a importância da preservação da área.
Afinal, não se trata de uma questão puramente local, mas da degradação de um santuário secular para onde convergem praticantes de religiões de matriz africana de todo o país e estudiosos do fenômeno.
E que é considerada a Meca dos que se dedicam a este tipo de culto.
Por isso também abraçamos esta causa e nos comprometemos a intermediar um encontro dos defensores do Acais com autoridades dos poderes Legislativo e Executivo da Paraíba e do governo federal.
Na sessão, também ficou acordada a construção da agenda de eventos que vão marcar a Semana Estadual da Vivência e Prática da Cultura Afro-Pernambucana, entre 12 e 18 de setembro próximo, institucionalizada no calendário oficial a partir da aprovação da Lei 13.298/2007, de minha autoria. É preciso ampliar o conhecimento sobre a riqueza da tradição afro, entre eles o culto à Jurema, que consiste em um complexo religioso, fundamentado no culto aos mestres, caboclos e reis, cuja origem remonta aos povos indígenas nordestinos.
Assim, contribuímos não apenas para a sua preservação, mas para garantir o respeito à diversidade religiosa.
Também para o resgate e a afirmação das nossas raízes negras, da luta dos nossos ancestrais e do propósito daqueles que militam para manutenção das nossas tradições.
Isaltino Nascimento (www.isaltinopt.com.br), deputado estadual pelo PT e líder do governo na Assembléia Legislativa, escreve para o Blog todas às terças-feiras.