O que você faria se encontrasse um bilhete de loteria premiado no valor de R$ 57,4 mil no lixo?
A dona de uma lotérica na pequena Caibi, cidade de pouco mais de seis mil habitantes, localizada a 570 km de Florianópolis, não teve dúvida: saiu à procura da ganhadora e, ao encontrá-la, entregou o bilhete.
A aposta foi registrada num sábado, dia 17 de maio, na lotérica da empresária Claudete Ferronato.
O bilhete apostado era da Dupla Sena, uma das 10 loterias administradas pela Caixa Econômica Federal.
Na segunda-feira, depois de conferir o bilhete, a apostadora achou que não tinha ganhado e pediu para a dona da lotérica repetir os números.
Uma nova aposta foi feita e o bilhete antigo foi para o lixo antes mesmo do sorteio.
Quando os números foram sorteados, o prêmio foi dividido entre os dois bilhetes: o que estava com ela e o que havia ido para a lixeira.
O fato intrigou dona Claudete.
Seria muita coincidência dois apostadores da mesma cidade acertarem o resultado - a probabilidade de acerto é de uma em mais de 15 milhões.
A dúvida aumentou ainda mais quando a apostadora, sem saber que havia ganhado toda bolada, apareceu para receber metade do prêmio. “Quem seria o dono da outra metade?”, indagou-se dona Claudete.
Foi então que ela decidiu revirar o lixo na esperança de encontrar o bilhete.
Para surpresa de dona Claudete e sorte da ganhadora, o bilhete foi encontrado. “Na primeira vez que procurei, não encontrei.
Mas fiquei tão encucada com a história que saí de casa por volta das 10 da noite para revirar o lixo na lotérica.
Deu trabalho, mas depois de alguns minutos encontrei o bilhete.
Fiquei muito feliz”, conta a empresária, que tem o hábito de acumular o lixo antes de jogá-lo fora.
Dona Claudete teve de esperar alguns dias para contar a novidade à ganhadora, pois ela estava viajando.
No total, a moradora de Caibi vai receber R$ 115 mil, o maior prêmio que já saiu na lotérica. “Foi um gesto muito bonito.
Felizmente, ainda existem pessoas honestas em nosso país”, afirmou a premiada.
Metade do prêmio já foi pago.
A outra deve ser paga no início desta semana, pois o bilhete encontrado no lixo estava rasgado ao meio e foi preciso enviá-lo para perícia em Brasília.
A CAIXA já comprovou a autenticidade do documento.
O vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias, Moreira Franco, ressaltou que a atitude da dona da lotérica segue a linha de conduta adotada pela CAIXA na administração das loterias federais.
Não é a primeira vez que dona Claudete encontra um bilhete premiado no lixo.
Há alguns anos, um morador do Paraná passou por Caibi, fez uma aposta e jogou o bilhete fora.
Dias depois, ligou para a lotérica e pediu para a comerciante revirar o lixo porque desconfiou que o bilhete estivesse premiado.
Não deu outra. “Era um prêmio pequeno, mas o ganhador ficou muito feliz.
Voltou aqui 30 dias depois e entreguei o bilhete.
Não ficaria com o prêmio nem que fosse de mais de um milhão de reais.
Acho que a honestidade está cima de qualquer coisa”, frisa dona Claudete.