Por Carlos Eduardo Cadoca O desemprego assusta o Brasil.
Estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que jovens, entre 15 e 24 anos, representam 46,6% das pessoas que estão fora do mercado de trabalho no País.
Quase metade do contingente de desempregados.
E isso é preocupante.
O estudo traz outro dado importante e que merece uma avaliação.
O desemprego entre os jovens brasileiros é 3,5 vezes maior do que entre os adultos acima de 24 anos.
Os dados acendem um sinal de alerta e mostram, mais uma vez, que em um mercado de trabalho competitivo, dinâmico e cada vez mais exigente e seletivo, o caminho é um só: investir em educação desde cedo e na qualificação profissional.
Tanto é assim que a pesquisa também chama a atenção para a questão da escolaridade.
E as notícias não são boas.
Mostram, por exemplo, que 34% dos jovens entre 15 e 17 anos ainda estão no ensino fundamental, enquanto que apenas 12,7% dos jovens entre 18 e 24 anos freqüentam a universidade.
A conclusão: quanto maior a idade, menor a freqüência do jovem à educação escolar.
Um ciclo perigoso.
Diz ainda o Ipea que a proporção de jovens fora da escola aumenta de acordo com a faixa etária.
E pior.
O fantasma do analfabetismo ainda está longe de ser exterminado, embora o país tenha registrado avanços importantes.
Principalmente nas regiões Sul e Sudeste.
No Nordeste, ainda há muito a ser feito.
Pernambuco e o Recife não fogem à regra.
O Estado conquistou projetos estruturadores importantes, como a refinaria e o estaleiro, mas como converter essas oportunidades em benefícios reais de empregos e de melhoria de renda e de vida para a população, sobretudo para a população jovem?
O caminho, repito, é investir em educação.
Os governos, cada qual com as suas responsabilidades, devem puxar isso pra si sem subterfúgios.
União, estados e municípios precisam encarar o desafio.
Que não é fácil, mas precisa ser trabalhado.
O município, por exemplo, que responde constitucionalmente pelo ensino fundamental, tem um papel estratégico e importantíssimo.
Já disse em um artigo anterior e faço questão de reiterar agora: é preciso alfabetizar de verdade todas as crianças do fundamental I, que vai da 1ª a 5ª séries, desencadeando um arrojado programa de capacitação de professores, associado a um sistema de remuneração que premie a produtividade nas escolas e estimule no corpo docente o entusiasmo necessário ao êxito na missão de ensinar.
Só com um esforço concentrado, atuando em várias frentes, será possível resolver os sérios problemas de distorção idade/ série no fundamental I, identificados na pesquisa.
Além disso, o município pode atacar em outra frente.
Oferecer de forma continuada educação profissional integrada em suas escolas ensino fundamental II e médio, expandindo a experiência dos centros de educação integral de Pernambuco, que hoje é referência nacional, conforme já comentamos em outro artigo.
O município também pode oferecer educação profissional complementar aos jovens que moram no Recife, mas que cursam o ensino médio nas escolas estaduais de tempo parcial.
E educação profissional dirigida às oportunidades que decorrem das vocações econômicas da Região Metropolitana do Recife é importante para ampliar as chances de emprego dos formandos.
Este é um foco que pretendemos trabalhar com determinação, ao mesmo tempo em que é possível criar possibilidades de desenvolvimento dos jovens nos diversos esportes e artes, inclusive como opção profissional.
O que não dá é ficar assistindo o problema passar de geração para geração sem que ocorram intervenções fortes para mudar isso.
Pode ser difícil, mas acreditamos que nada, absolutamente nada é impossível.