Da Veja O corregedor da Câmara, Inocêncio Oliveira (PR-PE), adiantou que irá sugerir nesta terça-feira à Mesa da Casa a abertura de processo de cassação do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força.

Se acatar a sugestão, a Mesa enviará o pedido ao Conselho de Ética.

Inocêncio vai alegar que o deputado cometeu abuso de prerrogativas parlamentares, segundo reportagem do jornal O Estado de S.

Paulo.

A acusação se baseia em gravações feitas com autorização judicial pela operação Santa Tereza, da Polícia Federal, que investiga fraudes no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Nos registros, Paulinho conversa com o ex-conselheiro do BNDES Ricardo Tosto, que acabava de ser solto pela PF: o deputado diz que iria “mexer os pauzinhos” no Congresso para convocar o ministro da Justiça, Tarso Genro, para explicar a prisão.

Dando continuidade à investigação da operação Santa Tereza, a PF concluiu que um documento da consultoria Progus, de Marcos Vieira Mantovani, indica que um pagamento em cheque de 18.397,50 reais da boate WE teria sido feito a Paulinho.

O nome de Paulinho foi escrito, e rasurado à caneta, ao lado da expressão “Praia Grande”, numa ficha de controle de cheques em poder da Progus.

A emissão do cheque ocorreu dias após a liberação de 124 milhões de reais, referentes à primeira parcela do empréstimo que a prefeitura de Praia Grande (SP) tomou junto ao BNDES.

Outro cheque, de 18.300 reais, deveria ser pago, segundo o controle interno da Progus, para Ricardo Tosto, advogado da Força Sindical – presidida por Paulinho – e ex-membro do conselho de Administração do BNDES.

Os dois cheques foram emitidos pela casa de prostituição WE, localizada nos Jardins, em São Paulo, e depositados na conta de Mantovani.

Em ambos os casos, há outras duas evidências sobre os pagamentos: papéis grampeados em cada cheque, com as inscrições “RT” (Ricardo Tosto) e “PA” (Paulinho), e uma conversa eletrônica mantida entre Mantovani e sua filha, Carol, apreendida no computador de Mantovani.

A filha pede ao pai orientações sobre o depósito dos dois cheques. “Um é para o Ricardo Tosto e o outro é pra quem?”.

Ele esclerece: “Paulinho”.

Em relatório entregue na semana passada à Justiça Federal, a PF descreveu o caminho do dinheiro e a relação com o empréstimo do BNDES à Prefeitura de Praia Grande. “As cópias dos cheques elencados acima (anexos ao processo) correspondem à 1ª parcela liberada pelo BNDES para a Prefeitura de Praia Grande.

O dinheiro ‘saiu’ da [empreiteira] Termaq, através de ‘nota fiscal de prestação de serviços-Progus’, foi depositado na casa WE (Original WE Bar e Restaurante Ltda.) e posteriormente repassado para: Progus; Impostos; Ricardo Tosto – ‘RT’, e Paulo Pereira da Silva – ‘PA", descreveu o relatório.