Por Eduardo Machado, no site Pe Body Count Em maio do ano passado, a Secretaria de Defesa Social afirmou, por escrito, que o ex-presidiário José Carlos da Silva Santos havia morrido em um acidente de trânsito no dia 19 daquele mês.

Era a tentativa de desacreditar uma lista de mortos em um fim de semana publicada pelo PEbodycount.

Apuramos o ocorrido com José Carlos e comprovamos que ele foi assassinado a tiros, no Conjunto Marcos Freire, em Jaboatão dos Guararapes.

Outros dois casos de morte, também contestados pela SDS foram comprovados como assassinato.

Um ano depois, retornei ao caso do ex-presidiário.

A Polícia Civil informou que o caso estava a cargo da Delegacia de Prazeres.

Na delegacia, após uma busca nos arquivos, a pasta com o inquérito foi localizada embaixo de centenas de outras em um armário velho.

Tudo que a polícia fez a respeito foi juntar o boletim de ocorrência que registrou o assassinato do ex-presidiário à portaria de instalação do inquérito.

Isso mesmo.

Um ano depois de dizer que o cidadão não havia sido executado, mas atropelado, nossas autoridades conseguiram produzir duas folhas de papel no inquérito.

Para a família de José Carlos, assim como milhares de parentes de pernambucanos mortos todos os anos sobrou a resignação. “Eu já entreguei a Deus”, disse a mãe do rapaz, Cícera Maria da Silva, que eu encontrei no último dia 19, chorando e agarrada com duas fotos: a do filho morto e a do neto, filho de José Carlos de cinco meses, que ele nem chegou a conhecer.