Gustavo Krieger, do Correio Braziliense A dimensão palaciana que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu à escolha do candidato governista a sua sucessão fez surgir uma disputa particular entre os petistas mais próximos a ele.

Os ministros Tarso Genro (Justiça), Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) e Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência) formaram um grupo para tentar influenciar ao mesmo tempo o PT e o presidente nas decisões sobre as eleições de 2010. É um esforço para contrapor-se à preferência demonstrada por Lula pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, como sua possível sucessora.

O Correio revelou a formação desse grupo durante as articulações para composição da nova executiva do PT, em fevereiro.

Os ministros, que integraram duas correntes rivais na eleição interna da legenda, o Campo Majoritário e a Mensagem ao Partido, uniram-se na hora de montar a Executiva Nacional.

O deputado José Eduardo Cardozo (SP), do grupo de Tarso, foi escolhido para a Secretaria-Geral e compôs com o presidente Ricardo Berzoini.

O acordo foi patrocinado por Dulci, Patrus e pelo assessor especial de Lula, Marco Aurélio Garcia, que participaram da campanha de Berzoini.

Com a união, impediram que a secretaria, segundo cargo mais importante da hierarquia petista, fosse arrematado pelo deputado Jilmar Tatto (SP), ligado à ministra do Turismo, Marta Suplicy.

Tarso e seu grupo retribuíram logo depois.

Apoiaram Patrus e Dulci no esforço para que a Executiva Nacional vetasse o acordo entre o PT e o PSDB para a disputa da prefeitura de Belo Horizonte.

Os dois ministros disputam o comando do partido em Minas com o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, principal articulador da aliança com os tucanos.

Há alguns dias, antes de viajar para férias na Argentina, Tarso Genro deu uma entrevista ao jornal Zero Hora, na qual deixou claro que a articulação entre os ministros mira nas articulações para 2010.

Contou que eles estão trabalhando juntos para que a escolha do candidato oficial à sucessão de Lula passe pelo PT. “Tem de ser um candidato com profundo vínculo partidário e que compreenda que o partido vai ser um sujeito político importante para compor um sistema de alianças que não se dará exclusivamente em torno de uma pessoa, como foi o caso de Lula”.

Segundo ele, há um grupo de “10 ou 12 dirigentes do partido com voz pública, respeitabilidade e relações políticas internas e sólidas” trabalhando para que o candidato tenha esse perfil partidário.