Por Jorge Lemos na Tribuna Popular do Cabo Há duas semanas, ouvintes da Rádio Comunitária Ponte FM, de Ponte dos Carvalhos, não escutam mais a voz marcante e altiva do comunicador Eliel Neves, e muitos ainda não sabem a razão.

O comunicador responsável pelos mais altos picos de audiência da emissora foi demitido no dia 7 de maio), sem ter a oportunidade de dirigir-se aos ouvintes para explicar porque saia do ar.

Ele comandava o Programa A Hora da Verdade, que era apresentado todos os dias, das 11h às 12h.

Em entrevista à rádio comunitária Calheta FM, no dia seguinte à demissão, Eliel Neves responsabilizou o prefeito Lula Cabral, o vice-prefeito Vado da Farmácia e o secretário de Articulação Política, Josadac Miguel, pela sua demissão. “Há mais de um mês o governo municipal vinha tentando tirar o meu programa do ar.

Há alguns meses atrás o governo tirou o programa do ar, por perseguição política, e o proprietário da rádio, Carlos Cunha, me convidou para voltar pra emissora.

Eu não queria mais voltar, porque achei humilhante sair pela porta dos fundos da rádio, sem dar nenhuma explicação à população.

Voltei à rádio e infelizmente estou saindo novamente porque o secretário de Articulação Política, Josadac Miguel, disse a Carlos Cunha, ser questão de honra tirar o programa fora do ar”, acusou Neves.

COOPTAÇÃO - Eliel disse ainda que o prefeito e o vice- prefeito vêm tentando lhe “comprar”, procurando de todas as formas que ele fizesse parte do governo municipal. “Jamais irei usar o sofrimento e a miséria da população que tanto reclamava e eu iria fazer isso pelo meu bem-estar.

Felizmente não tenho esse caráter”, disse.

Explicou que um dia antes, Carlos Cunha esteve na sua casa informando que iria tirar o programa do ar. “Ele disse que o governo tinha ameaçado fechar a rádio dele, entrar com processo contra ele e que ele não tinha condições de pagar advogado.

E também que tinham ameaçado demitir a família dele da prefeitura”, relatou.

Segundo Eliel Neves, o diretor da emissora lhe ofereceu dinheiro para não entrar com processo. “Infelizmente, o Cabo vive hoje a época do faroeste.

Quem manda é o poderoso chefão, o senhor Cabral.

Já vivemos uma época ruim, mas ninguém nunca viu uma perseguição tão grande como a que ocorre nessa gestão.

Hoje, até o direito de imprensa, o direito pelo qual a população tanto lutou que é a liberdade de expressão, não existe mais no Cabo”, disparou.

OUTRO LADO - A reportagem do jornal Tribuna Popular conversou com o diretor da Rádio Ponte FM, Carlos Cunha.

Ele não autorizou a publicação da conversa, mas informou que o comunicador desrespeitava as autoridades.

O jornal Tribuna Popular também procurou ouvir o prefeito, o vice-prefeito e o secretário de Articulação política, chegando a protocolar oficio, mas assessoria de imprensa informou que o governo municipal não iria se pronunciar.