Por Raul Jungmann A nossa entrevista editada ontem, por um jornal local, gerou reações várias na opinião pública.
Comento uma delas.
Refiro-me àquela que vê minha motivação na “mágoa” ou “ressentimento”.
Nada mais equivocado, embora tenha me divertido muito.
Todas as declarações foram pesadas e pensadas.
Todas têm um alvo específico e são fruto da racionalidade política.
Indo adiante, a entrevista, desde seu momento até seu espaço, é fruto de cálculo político.
Senão vejamos.
Primeiramente, queríamos paralisar as sucessivas tentativas da coligação PMDB/PSDB e seu candidato de nos desestabilizar - foram três, até aqui.
Daí a denúncia, cuja medida pode ser dada pela afirmação de que “rompi pessoalmente com Raul Henry, mas não politicamente” (de onde se pode avaliar a afirmação do venerando Dorany Sampaio ao tachar-me de estar “emocionalmente desequilibrado”.
Ou seja, para negar a truculência da coligação PMDB/PSDB, ele nos desqualifica…!).
O potencial dessas tentativas, e seu estrago, poderiam ser bem maiores adiante, quando do início oficial da campanha.
Portanto, melhor dar um freio agora que mais tarde.
Em segundo lugar, romper com a camisa de força do “pacto de não agressão”.
Essa ardilosa expressão tem por objetivo “esfriar” o debate entre os candidatos da oposição e desqualificar todo aquele que, do lado de cá, deseje se diferenciar, com firmeza e determinação, com o objetivo de chegar ao segundo turno - o que é, claro, o nosso caso.
Isso porque, ceteris paribus, os candidatos de maior musculatura desejam uma campanha fria e anódina onde os recursos e estrutura façam valer sua força.
Por fim, o mais importante: ao longo desses últimos anos, a tarefa de ser oposição - que vimos cumprindo com clareza e retidão - esmaeceu, ao ponto de não serem percebidos os conflitos e contradições com o nosso lado, o “lado de cá”.
Ora, na hora de apresentar-me diante de um eleitorado plural e de massas como o recifense, dar visibilidade e expor a nossa real identidade, vis a vis os adversários, como também os aliados, é um imperativo.
E foi o que, mais uma vez sine ira, tratamos de expor na entrevista ao Diário.
Ou seja, “eles"são “eles” e “nós” somos “nós”.