Por Terezinha Nunes Conhecido pelas frases de efeito, algumas sem sentido mas, mesmo assim, polêmicas, o presidente Lula batizou a ministra Dilma Rousseff de “mãe do PAC”.
Logo depois, chamou outra ministra, a Marina Silva, do meio ambiente, de “mãe do PAS”, o plano de sustentabilidade da Amazônia.
Havia, porém, sabe-se agora, uma distância incomensurável entre uma e outra na cabeça do presidente.
Enquanto Dilma, após o famoso apelido, passou a ser alçada à categoria de candidata a presidente, viajando por todo o país, no caso de Marina, deu-se o contrário.
Lula apunhalou-a pelas costas, logo após o mimo, entregando o próprio PAS a outro ministro, Mangabeira Unger.
Humilhada, Marina passou, em menos de um mês, de “mãe” a " madrasta", e entregou o boné, levando o presidente a perder o membro de sua equipe mais respeitado no exterior, por conta da defesa do meio-ambiente, hoje agenda obrigatória em todos os continentes.
Como se não bastasse tamanho golpe na imagem do Brasil lá fora, pois logo se deduziu que Marina saíra, como saiu, por ter perdido a guerra para os colegas que desejam “desenvolver” a Amazônia a qualquer custo, inclusive o ambiental, ficou claro, mais uma vez, que parece não haver, na equipe do presidente, um bom lugar para quem age com os melhores propósitos.
Não foi à-toa que os dois ministros tidos como os mais éticos do governo, Cristovam Buarque, antes, e Marina Silva, agora, foram decapitados, sem dó nem piedade, ao contrário dos que se envolveram em escândalos e só foram afastados por não haver como mantê-los na Esplanada dos Ministérios e, quase todos, ouvindo, a despeito das provas irrefutáveis contra eles, sonoros elogios presidenciais.
Já Cristovam foi demitido por telefone quando estava em viagem ao exterior e Marina saiu por não ter mais condições de permanecer.
Afinal, ninguém de sã consciência podia acreditar que determinada como é, ela iria continuar em um ministério esvaziado e com a imagem desgastada pelo próprio presidente.
Além de não ter dado um piu sobre Marina, como também não fez no caso de Cristovam, Lula, pelo contrário, deixou vazar para a imprensa, que se encontrava irritado por ter a ministra divulgado que estava saindo, antes que o próprio governo se encarregasse de fazê-lo.
O que ficou claro do episódio foi que a ministra, para os amigos do Planalto, “já foi tarde” e ainda teve que passar pelo dissabor de uma reprimenda pública por não ter sabido se conduzir, abortando as explicações que o governo desejava dar.
Afinal, acostumado a " inventar" versões para os vexames em que acaba metido, o Planalto desejava fazer o mesmo com Marina, mas se deu mal.
Espera-se que, a despeito do prejuízo à nossa imagem internacional que a saída da ministra provocou, o novo ministro consiga resistir às pressões que sobre Marina foram feitas para que obras do PAC, danosas ao meio-ambiente, fossem autorizadas.
Terá sucesso? É difícil saber.