Por Carlos Eduardo Cadoca Dez jovens estão contando os dias para chegar agosto.

Eles estão de malas prontas para viajar para a Espanha.

Não.

Eles não vão a passeio.

A viagem tem uma finalidade muito bem definida - estão deixando Pernambuco para estudar.

Vão fazer o curso superior na Universidade de Valladolid com todas as despesas pagas depois de terem sido aprovados entre os primeiros na área de Exatas no vestibular da Universidade Federal de Pernambuco.

Um sonho, mas, sobretudo, um prêmio conquistado pelo esforço e pela dedicação de cada um aos estudos.

Esses dez jovens não saíram de escola particular.

São personagens reais de uma parceria de sucesso entre Estado e iniciativa privada.

Eles estudaram no Ginásio Pernambucano, que integra a rede publica estadual, e que passou por uma grande transformação.

O GP, como é conhecido, estava em decadência, no rastro do ensino público brasileiro, mas voltou aos bons tempos, quando constava entre as melhoras escolas de Pernambuco.

O “padrinho” do Ginásio Pernambucano, desses dez jovens que vão estudar na Espanha e de muitos outros é Marcos Magalhães, um pernambucano arretado e que nos orgulha.

Magalhães é um homem obstinado.

Saiu do interior, estudou no Ginásio Pernambucano, progrediu na vida e chegou à condição de alto executivo de uma multinacional.

Ele nunca esqueceu as origens.

Muito pelo contrário.

Inspirado nessas origens deflagrou em parceria com um grupo de empresas privadas e com o Governo do Estado um projeto piloto de educação no Ginásio Pernambucano que já se multiplicou.

O projeto começou na administração anterior e foi mantido pelo atual governo.

Fato pouco comum e que deve ser ressaltado.

A experiência do GP, que é o da escola pública de qualidade com tempo integral, foi ampliada para outras 33 unidades de ensino e a meta é mais que dobrar até 2014.

Os Centros de Ensino Experimental já ganharam até um novo nome.

Agora se chamam Escolas de Referência – Jornada Integral, funcionando em todo o estado no mesmo espírito e com a mesma estratégia e proposta pedagógica do Ginásio Pernambucano.

Nessas escolas o diretor e o professor são melhor remunerados, também são muito cobrados.

Têm que fazer acontecer.

Têm metas a cumprir e a missão de sempre.

Ensinar.

E ensinar bem.

Os resultados estão aparecendo. É um salto de qualidade.

Jovens que entraram no GP com grandes deficiências evoluíram, estão passando bem no vestibular e, como se vê, no caso dos dez jovens que estão indo para a Espanha, traçando um novo futuro.

A viagem com tudo pago para a Espanha, segundo Marcos Magalhães, é o prêmio que os dez jovens estão recebendo por terem escolhido a área de Exatas, que tem escassez de profissionais no país, e por terem passado entre os primeiros na Federal.

Esses bons exemplos tendem a se multiplicar.

Já são 19.215 jovens em Pernambuco freqüentando a escola em tempo integral numa pedagogia que se baseia em três pilares: educação acadêmica de qualidade, preparação para a vida e educação profissionalizante.

Marcos Magalhães, que acabou de lançar um livro no Recife retratando essa experiência, como se vê, é um agente otimista da Educação.

Ele acredita que, através dela, é possível fazer uma revolução nesse país.

A revolução possível que Cristovan Buarque defende.

Outro pernambucano que merece nossa reverência.

A revolução que o Estado brasileiro deveria ter como bandeira prioritária.

Que o país deveria ter como obsessão.

Que deveria investir como projeto político e de governo.

Sem educação ninguém vai a lugar algum.

Tudo fica mais difícil.

Educação e desenvolvimento andam juntos.

São inseparáveis.

Porque temos essa percepção - e porque também acreditamos que a educação é, de fato, o instrumento maior de transformação social - assumimos desde já o compromisso de nos integrarmos a essa experiência de sucesso, que Pernambuco viabilizou e é exemplo no Brasil.

Os fatos demonstraram que ela não é utópica.

Basta, com firmeza, querer e fazer.

E, claro, deixar acontecer. *Deputado federal e pré-candidato à Prefeitura do recife pelo PSC, escreve às quartas para o Blog, dentro da série “Recife 2008.

Debate com os prefeituráveis”.