Larissa Alencar, na Editoria de Política do JC A bancada oposicionista na Câmara Municipal decidiu solicitar à Justiça Eleitoral que acompanhe a “grande festa” do prefeito João Paulo em comemoração ao título de cidadão recifense, a ser concedido pela própria Câmara na próxima quinta-feira (22).
Para seus adversários políticos, o evento que o prefeito vai promover no Marco Zero será um “showmício” e o objetivo seria antecipar a campanha eleitoral dos pré-candidatos petistas.
O Ministério Público Eleitoral vai analisar o pedido da oposição.
João Paulo, olindense de nascimento, está programando um dia inteiro de atividades para celebrar o título, a ser entregue às 10h na Casa de José Mariano.
Antes, o prefeito tomará o café da manhã oferecido pelo trade turístico no hotel Atlante Plaza, em Boa Viagem.
O almoço, no Spettus do Derby, será cortesia de uma série de associações e empresas que querem homenagear o chefe do Executivo municipal.
O melhor da festa, porém, está guardado para a noite.
Estão agendadas, até o momento, apresentações de forró, frevo e outros ritmos locais para animar, a partir das 18h, quem comparecer ao Marco Zero.
O prefeiturável do PT, o secretário de Planejamento Participativo, João da Costa, e os vereadores da base governista – pré-candidatos à reeleição – confirmaram presença.
Os planos do prefeito deixaram a oposição enfurecida ontem. “Além de ser campanha fora de época, showmício é proibido pela lei eleitoral.
Vou mandar ofício à Justiça Eleitoral para que os pré-candidatos sejam proibidos de subir ao palco”, esbravejou o líder da oposição, Daniel Coelho (PV).
A preocupação dos oposicionistas é evitar a promoção da imagem de João da Costa e dos governistas que vão disputar uma cadeira na Câmara. “A gente não pode fazer showmício, por que vocês podem?”, lançou Daniel Coelho, da tribuna.
Gustavo Negromonte (PMDB) indagou os petistas sobre quem vai pagar pela comemoração, o teor dos discursos que serão feitos e sobre a possibilidade de uso de decoração de caráter eleitoral.
As respostas foram vagas. “Ninguém aqui é candidato, somos vereadores no exercício do mandato, só seremos candidatos depois da homologação das candidaturas”, ironizou Carlos Gueiros (PTB).
Para o presidente da Câmara e requerente do título de cidadão para o prefeito, Josenildo Sinésio (PT), os vereadores deveriam “discutir assuntos sérios e não questionar uma festa para o prefeito”. “Ele não é candidato a nada”.
A secretária de Gestão Estratégica e Comunicação da PCR, Lygia Falcão, explicou que os artistas não estão cobrando cachês e que doações estão financiando o evento. “Não tem nada sendo pago pela Prefeitura”, enfatizou.
Quem está à frente da organização do ato no Marco Zero, segundo Lygia, é a Associação dos Produtores de Artes Cênicas de Pernambuco (Apacep).
Do lado da Justiça Eleitoral, o promotor Eduardo Cajueiro disse que vai estudar a natureza do pedido da oposição e do evento antes de decidir que providências tomar. “Vamos ver se caracteriza propaganda ou uso da máquina.
Tem que ver se é caso para a promotoria eleitoral ou de patrimônio público”.