Líderes do PSOL anunciaram que pedirão a cassação do mandato do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, presidente da Força Sindical, por envolvimento no esquema de fraudes no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) investigado pela operação Santa Tereza da Polícia Federal.
O partido vai entrar com representação no Conselho de Ética da Câmara na quarta-feira.
Reportagem de VEJA desta semana mostra ainda como a Força espalhou seus tentáculos pela administração federal e está no epicentro de um escândalo que envolve a participação direta de seus líderes em casos de corrupção, desvio de dinheiro público, tráfico de influência e enriquecimento ilícito. “Para nós, as evidências de que ele (Paulinho) feriu a ética e o decoro parlamentar, com obtenção de vantagens pessoais para si e para terceiros, praticando tráfico de influência no exercício de mandato, são muito robustas”, disse o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), segundo reportagem do jornal O Estado de S.
Paulo.
A decisão do partido foi tomada em reunião da Executiva no fim de semana.
O nome de Paulinho é citado no inquérito Santa Tereza ao menos 75 vezes.
O deputado aparece na transcrição dos diálogos entre os suspeitos de integrar o esquema e também em anotações e observações dos analistas federais, responsáveis pelas interceptações telefônicas.
A operação da PF prendeu dez pessoas no dia 24 de abril.
Assessores jurídicos da Câmara já constataram que Paulinho pode ser processado mesmo sem provas de seu envolvimento no esquema devido à tentativa de constranger ou intimidar autoridades públicas usando o cargo.
Em conversa por telefone interceptada pela PF entre o deputado e o ex-conselheiro do BNDES Ricardo Tosto, Paulinho afirma que vai “mexer os pauzinhos” no Congresso para convocar o ministro da Justiça, Tarso Genro, superior hierárquico da PF, para explicar por que Tosto havia sido preso.
Paulinho tem procurado deputados em busca de apoio político para enfrentar o processo no Conselho de Ética.
Com a morte do deputado Ricardo Izar (PTB-SP), no início do mês, o Conselho de Ética está sem comando.
Cabe ao presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), marcar a data para a eleição do substituto de Izar.