Veja –Mesmo com tantos escândalos, o presidente Lula continua registrando altos índices de popularidade.

Isso não revela uma tolerância da população com a corrupção?

Chinaglia –Lula era um mito antes de ser presidente.

Ao assumir, optou por uma política econômica conservadora, sem deixar de lado as políticas sociais.

O resultado veio na forma de emprego, de aumento salarial, de crédito, criando o efeito cascata.

O comércio passou a vender mais; a indústria, a produzir mais; os profissionais autônomos, a ganhar mais.

Ele comandou uma virada, e as pessoas agora sentem o benefício. É por isso que alguns defendem o terceiro mandato.

Veja –O senhor se inclui entre eles?

Chinaglia – Quem defende a permanência de Lula por mais quatro anos não é o PT, não é a classe política. É parte da população.

Sou radicalmente contra e não conheço ninguém da direção nacional do PT que defenda o terceiro mandato.

O próprio presidente da República já deu várias declarações contrárias à idéia.

Essa proposta não existe politicamente, não vejo a mínima possibilidade de ela ir adiante.

Há militantes do PT, deputados do PT que a defendem, mas não há setores organizados do partido ou do governo que queiram o terceiro mandato.

O terceiro mandato é um desastre para a democracia.

Não há a menor chance de prosperar.