O governo decidiu que a Petrobras construirá uma nova refinaria, localizada em São Luís, capital do Maranhão, Estado do senador licenciado Edison Lobão (PMDB), ministro de Minas e Energia. “A construção começa no ano que vem e a localização já está escolhida, é São Luís”, disse Lobão.

Segundo ele, a escolha da localização se deu por critérios técnicos: a refinaria vai produzir gasolina e nafta para o mercado externo, e São Luís é mais vantajosa do ponto de vista logístico, por estar mais próxima dos compradores potenciais (como Estados Unidos) e ter um porto capaz de receber grandes navios.

Ele descartou escolha política: “Não se pode prestar um desserviço ao país só porque o ministro é do Maranhão”, disse.

Ainda de acordo com Lobão, não está definida a capacidade final da refinaria.

Ela poderá ficar entre 400 mil e 600 mil barris de petróleo pesado por dia. “Vai ser a maior refinaria da América Latina”, afirmou o ministro.

O tamanho da refinaria de São Luís dependerá também da decisão de construir outra refinaria.

Se forem duas, a outra em local ainda não definido, a capacidade será menor.

O investimento necessário para a construção varia de US$ 8 bilhões a US$ 15 bilhões, conforme a capacidade que for adotada.

Se a obra começar mesmo em 2009, a refinaria ficaria pronta entre 2013 e 2015.

Procurada por meio da assessoria de imprensa, a Petrobras não quis se manifestar sobre a refinaria em São Luís.

Venezuela O Brasil ficou 25 anos sem erguer refinarias.

Em dezembro de 2005, a Petrobras começou a construir, em parceria com a estatal venezuelana PDVSA (40%), a refinaria de Abreu Lima, em Pernambuco.

Na ocasião, a escolha do local foi precedida de forte debate político.

Agora, o governo fez o anúncio de surpresa, criando um fato consumado.

Também naquela ocasião foram apresentadas justificativas técnicas semelhantes: proximidade do porto de Suape (PE), que daria facilidade para a exportação de derivados para grandes centros consumidores do Atlântico.

Prevista para iniciar sua operação em 2011, Abreu Lima consumirá investimentos de US$ 2,5 bilhões.

Terá capacidade de processar 200 mil barris/dia.

A refinaria de Pernambuco, quando entrar em operação, será a primeira no Brasil a processar apenas com petróleo pesado.

O foco da unidade será a produção de óleo diesel, principalmente para o crescimento da demanda de derivados no Nordeste, atualmente deficitário em combustíveis.

A construção de refinarias capazes de refinar petróleo pesado produzido no país é fundamental para que a proclamada auto-suficiência seja de fato uma realidade.

Hoje, apesar de produzir mais óleo do que o consumo, o Brasil tem déficit na balança comercial do setor porque precisa importar derivados (como diesel) e óleo leve.

No primeiro trimestre deste ano, a Petrobras registrou déficit de US$ 775 milhões na sua balança comercial.

As importações de petróleo e derivados cresceram 32% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2007, enquanto as exportações caíram 104% em volume.

Da Folha de São Paulo