Da Folha de São Paulo de hoje Em suas apresentações, nas quais conta “causos” da imprensa, o jornalista e humorista Maurício Menezes costuma citar o novo ministro Carlos Minc, 56.

Há um ano e meio, em cerimônia de entrega de prêmio em uma casa de shows, ele brincou: “Dois mil jornalistas aqui, e o Minc ainda não apareceu para dar entrevista”.

Outro antigo colega de Minc na Assembléia Legislativa do Rio se refere a ele trocando o sobrenome, “Carlos Mídia”.

As cutucadas se fundamentam na vocação dele em “produzir notícias” e aparecer nos meios de comunicação.

No passado, não era assim. “Cultivávamos as virtudes da clandestinidade, entre elas a discrição”, diz seu amigo Alfredo Sirkis, 57, presidente do PV-RJ.

Na segunda metade da década de 1960, Minc foi vice da Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas do Rio.

Em 1970, Sirkis participou do seqüestro do embaixador alemão no Brasil, quando 40 presos foram libertados e rumaram para o exílio -entre eles, Minc.

Carlos Minc se junta a outros ministros que militaram em organizações armadas.

Como Dilma Rousseff (Casa Civil), que integrou a Vanguarda Popular Revolucionária, Franklin Martins (Comunicação Social), do Movimento Revolucionário 8 de Outubro, e Paulo Vanucchi (Direitos Humanos), da Ação Libertadora Nacional.

Minc foi um dos guerrilheiros que assaltaram em julho de 1969 uma casa em Santa Teresa, no Rio, e levaram um cofre com mais de US$ 2 milhões.

Foi uma das mais espetaculares -e financeiramente a mais bem-sucedida- ações da guerrilha contra o regime militar.

Dilma teria contribuído no seu planejamento.

Os militantes se anunciaram como policiais federais, de posse de mandado de busca e apreensão de “documentos subversivos”. “Minc ajudou a baixar o cofre do segundo andar”, lembra o “delegado” da encenação, o ex-sargento do Exército José Araújo de Nóbrega, 69.

O cofre pertencia a Ana Capriglione.

O dinheiro, ao ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros, morto poucos meses antes, de quem ela fora secretária e amante.