O ministro José Múcio Monteiro (Relações Institucionais) negou nesta quinta-feira que o governo apóie a decisão do ex-secretário de Controle Interno da Casa Civil, José Aparecido Nunes Pires, acusado de ser o vazador do dossiê com informações sigilosas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de ficar calado durante depoimento à CPI dos Cartões. “O governo quer que ele [NUNES PIRES]fale.
Foi exatamente a base do governo que quis seu depoimento”, afirmou Múcio, que participa de um seminário sobre reforma tributária. “O aparecimento do Aparecido foi bom”, disse o ministro, ironizando o fato de o ex-assessor ter desaparecido atrapalhando a notificação da Polícia Federal.
Múcio afirmou ainda que a partir do depoimento de Nunes Pires à CPI, na próxima terça-feira, poderá vir à tona “a verdade”. “Talvez com ele [o depoimento de Nunes Pires] a origem do problema [APAREÇA].
O governo quer que a verdade venha à tona, mas desde que seja a verdade.” Ontem, Nunes Pires ajuizou no STF (Supremo Tribunal Federal) um habeas corpus com pedido de salvo-conduto para evitar que seja preso durante depoimento à CPI dos Cartões.
No recurso, a defesa pede ainda a garantia de que o assessor não seja obrigado a assinar na CPI o compromisso de dizer a verdade e que tenha resguardado seu direito constitucional de não se auto-incriminar e de manter silêncio.
Nunes Pires pediu ontem exoneração do cargo de secretário de Controle Interno da Casa Civil.
O pedido foi encaminhado no final da tarde de quarta-feira.
A previsão é que ele retorne para os quadros do TCU (Tribunal de Contas da União), órgão o qual pertence e foi contratado por concurso público.
Também na terça-feira que vem está previsto o depoimento de André Fernandes, assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), acusado de ter recebido o documento anexado de Nunes Pires por email.