Brasília - O presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho, classificou de “lamentável” o fato de o secretário de Controle Interno da Casa Civil, José Aparecido Nunes Pires, apontado com o principal suspeito do vazamento de informações sobre gastos sigilosos do governo Fernando Henrique Cardoso ter pedido habeas corpus para evitar falar na Comissão Mista de Inquérito dos Cartões Corporativos. “Considero algo profundamente lamentável, porque ele não vai, assim, esclarecer um episódio que eu pensei que ele seria o primeiro a ter interesse de ver desvendado”.

Segundo Garibaldi, isso revela um certo temor, pois “afinal de contas é um funcionário que, tudo leva a crer não tem um envolvimento político nessa história”.

O senador defendeu, porém, que a convocação seja mantida.

Para o ministro da Relações Institucionais, José Múcio, trata-se de um direito quer o funcionário tem e precisa ser respeitado. “A sociedade, o governo e o Parlamento desejam que ele deponha”.

Múcio lembrou que foi o próprio governo que pediu a abertura da CPI. “O governo não quer ficar como suspeito de ter promovido isso [a divulgação dos dados].

Isso não serviu a ninguém, nem ao governo nem à oposição”.

O ministro descartou a possibilidade de a atitude de Aparecido seja um um movimento para “blindar” a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. “Pelo contrário, nós queremos que fale.

Não tem nada que blindar a ministra.

Queremos que fale para as pessoas realmente saberem o que aconteceu.

Isso interessa principalmente ao governo”.

Sobre a forma como a informação acabou chegando ao senador Álvaro Dias, Múcio afirmou: “Se você me perguntar a opinão pessoal, acho que foi uma troca de informação de dois amigos, mandando emails um para o outro, e que de repente um deparou-se com uma fonte de informação que servia a quem ele servia.

Aí travou-se uma guerra de governo e oposição.