Márcio Falcão, da Gazeta Mercantil O retorno da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao Senado para prestar um novo depoimento sobre o caso do dossiê, ao que tudo indica, está longe de se concretizar.

A base governista se movimentou e arrancou o compromisso do senadores independentes para derrubar uma nova convocação da ministra na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

O requerimento, de autoria do líder do PSDB, Arthur Virgílio, deve ser colocado amanhã em votação.

A oposição esperava emplacar a volta de Dilma na CCJ, uma vez que na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Cartões os governistas são maioria e conseguem barrar qualquer votação incômoda.

Pelos cálculos da oposição, com os votos dos senadores Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Pedro Simon (PMDB-RS) e Jefferson Péres (PDT-AM), seria possível trazer a ministra para esclarecer o vazamento do dossiê sendo que, agora, há confirmação de que o material existe e saiu do Planalto.

Dos três votos que seriam decisivos na comissão, Jarbas e Simon teriam se posicionado.

Jarbas aceita votar pela convocação, desde que a oposição se organize para que a segunda passagem da ministra pelo Senado não seja marcada mais uma vez pela falta de esclarecimentos. “É necessário termos uma explicação final para este episódio.

Mas a oposição não pode cometer os mesmo erros”, disse Jarbas.

Para Pedro Simon, a volta da ministra Dilma é desnecessária. “Não vejo com simpatia esta questão.

A ministra já disse tudo que tinha a dizer”, desconversou o senador pelo PMDB do Rio Grande do Sul.

O senador Jefferson Péres ainda não bateu o martelo, mas segundo senadores próximos ao pedetista, ele não deve apoiar uma nova intimação da ministra.

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), avisa que a base não concorda com uma nova convocação da ministra Dilma, seja ela pela CPI mista dos Cartões ou outra comissão. “Não vamos concordar, a ministra já veio e deu um show na oposição, eles querem que ela repita?”, alfinetou Jucá.

A oposição promete reforçar o convencimento para tentar trazer a ministra para depor novamente.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (PSDB-AM), disse está claro que a secretária-executiva de Dilma, Erenice Guerra, mandou produzir o suposto dossiê e que a ministra tinha conhecimento.

Virgílio disse ainda que a ministra mentiu na ditadura e na democracia, quando foi ao Senado e negou aos senadores que a sua pasta havia elaborado o dossiê. “Mentir na ditadura é legítimo.

Não se deve falar a verdade para torturadores ignóbeis.

Mas mentir na democracia é ignóbil também.

A ministra mentiu para o Senado e para a Nação”, disse Arthur Virgílio.