De Veja Novas revelações do inquérito da Polícia Federal que apura desvios milionários no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) divulgadas neste domingo aumentam as suspeitas sobre a participação no esquema do deputado federal Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical e do PDT de São Paulo.
Sua situação se complica no ritmo em que as irregularidades cometidas por seu ex-assessor, João Pedro de Moura – hoje preso –, são identificadas pela PF.
Neste domingo, uma reportagem do jornal Folha de S.
Paulo traz trechos de uma conversa telefônica interceptada pela polícia.
Nela, se descobre que Paulinho – como o deputado é conhecido – e outras duas pessoas devem 59 milhões de reais à União, por supostas irregularidades em convênios mantidos pela Força Sindical com o Ministério do Trabalho.
A informação foi pinçada graças a um telefonema de João Pedro Moura.
Em 22 de fevereiro, o ex-assessor ligou para Valéria, uma mulher identificada pela PF como “secretária de João Pedro na Força”.
Na conversa, ela contou que “chegou do ministério a comissão especial reprovando todos os contratos que a gente [Força] fez com o Ipec em 2000, pedindo a devolução do dinheiro [ao] Paulinho, Nassini e o Roque”. “Tem três dias para responder, e dá em torno de R$ 59 milhões", disse Valéria, segundo a PF.
De acordo com a própria “secretária”, as contas foram reprovadas porque a Força Sindical contratou o tal Ipec – uma ONG para treinamento de mão-de-obra – com dinheiro do Ministério do Trabalho, sem fazer licitação.
O jornal paulista informa que este convênio está sob suspeita de fraude desde 2001.
Segundo nota divulgada pela Controladoria Geral da União em 2005, a Força gerou um prejuízo de 37,9 milhões de reais aos cofres públicos, em valores daquele ano.
Lobby Para piorar, reportagem de O Estado de S.
Paulo também deste domingo revela que o ex-assessor de Paulinho usava o nome do deputado para influenciar uma série de políticos a participarem de esquemas de desvio de dinheiro.
Especialmente para conseguir liberação de verbas do BNDES, onde Paulinho tinha um indicado no conselho, o advogado Ricardo Tosto.
Segundo o trecho da investigação da PF revelado pelo Estado, Moura transitava com facilidade por administrações municipais.
Agindo em conjunto com o empresário Marcos Mantovani, consultor da organização que a Polícia Federal desarticulou, o amigo de Paulinho ofereceu negócios diversos a prefeitos dispostos a dividir lucro.
Foi ouvindo conversas do ex-assessor, aliás, que os policiais descobriram uma ligação em que ele combina a partilha de uma propina de 2,6 milhões de reais com Mantovani.
Paulinho também estaria entre os beneficiários.