Fernando Castilho, na coluna JC Negócios Com todo o respeito pelo esforço de sua equipe e o considerável volume de recursos que sua administração destinou ao Pacto Pela Vida, mas o governo Eduardo Campos repete, rigorosamente, o equívoco do governo Jarbas-Mendonça quando, ao divulgar resultados de uma possível redução de violência, apresenta-os em clima de indisfarçável comemoração.

Não é um bom caminho.

Em Pernambuco, morreram, no período de maio de 2007 a abril último, 4.457 pessoas e quando o governador e sua equipe não afirmam, na primeira frase, sua indignação com esse quadro, o debate se perde em detalhes se nesta gestão morreu menos ou se na outra se matou mais.

Não há o que comemorar.

E a despeito do esforço da equipe, a primeira palavra sobre este ou aquele relatório precisa ser de protesto contra a tragédia social que eles exprimem.

Privilegiar comparações sobre se morreram mais ou menos vítimas é de uma obtusidade córnea para com a realidade das ruas.

Em Pernambuco se matou quase 4.500 pessoas de forma violenta num ano.

Essa é a verdade.

E se a sociedade já não é capaz reagir é porque entramos no perigoso caminho de aceitar como razoável qualquer número de cadáveres. É importante que a sociedade, e isso inclui a imprensa, tenha presente que índice aceitável de violência é zero.

E não apenas o governo, mas todo cidadão e as instituições têm a obrigação moral de demonstrar que esta é uma situação absurda.

Aceitar números e comparar estatísticas é esquecer que tratam de gente.

Pessoas que todos os dias nascem, crescem, sonham, têm esperanças e projetos de vida que a violência interrompe.

Seres humanos, para não esquecer.