João Valadares, no JC desta quinta O Pacto pela Vida, principal aposta do governo Eduardo Campos para combater a violência no Estado, completa um ano sem atingir a principal meta: reduzir em 12% o número de homicídios em Pernambuco.
A comparação utilizada pelo governo, que leva em conta o período entre maio de 2006 e abril de 2007 e maio de 2007 e abril de 2008, aponta uma redução em torno de 7%.
A retração no número de assassinatos não é inédita no Estado.
De acordo com números oficiais da Secretaria de Defesa Social (SDS), desde 1999, por cinco vezes, a taxa de assassinatos por 100 mil habitantes apresentou queda de um ano para outro.
Em 2002 e 2004, por exemplo, Pernambuco experimentou reduções até maiores do que a registrada agora, 7,6% e 8,4% respectivamente.
O governador Eduardo Campos declarou, há uma semana, durante o VII Fórum de Governadores do Nordeste, em Alagoas, que a retração apresentada neste ano quebrava uma série histórica de elevação das taxas.
Em entrevista a uma emissora de televisão, em rede nacional, há duas semanas, foi mais específico ao afirmar que, nos últimos dez anos, o número de homicídios em Pernambuco nunca havia caído. “Depois de mais de dez anos de homicídios só subindo em Pernambuco, estamos caindo em 8%”, assegurou.
O balanço oficial da SDS mostra o contrário.
Em 1999 e 2000 foram registradas duas reduções seguidas, de 5,6% e 2,5%.
Um ano depois, o percentual aumentou 8,6%.
Em 2002, o índice caiu 7,6% e voltou a subir 1,6% em 2003.
Em 2004, o Estado alcançou uma diminuição de 8,4%, a maior desde 1999.
Nos dois anos seguintes, os índices apresentaram elevação de 5,7% e 2,8%.
Este ano, o Estado resolveu, para efeito comparativo, considerar os dados só a partir de maio, mês referência de lançamento do Pacto pela Vida.
Se for considerado o período de janeiro a dezembro, como era realizado em todos os anos anteriores, a redução é de 2% de 2006 para 2007.
AVALIAÇÃO O professor do departamento de Ciências Administrativas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e especialista em planejamento estratégico Wilson Magela considera que, mais importante do que a redução, é o Estado apontar os motivos que levaram à diminuição de 7%. “Não adianta reduzir o número de homicídios e não saber o porquê desta queda.
Este é o principal desafio.” Em relação ao não cumprimento da meta, o professor informou que ela pode ter sido superestimada ou então ocorrido algum erro durante a execução do plano. “Planejamento é algo dinâmico.
Todos os dias, por exemplo, você sai de casa e faz o mesmo caminho em seu carro.
Você pode fazer um planejamento de quanto vai gastar de gasolina.
Mas pode ocorrer uma batida e você pegar uma carona.
Todo planejamento apresenta os limites máximos e mínimos.” Magela defende um debate amplo. “É importante fazer um checklist. É preciso verificar as metas que foram cumpridas e as que deixaram de ser”, informou.
O professor destaca que o estudo da oscilação das taxas de homicídios nos últimos anos é de extrema importância para atingir melhores resultados no futuro. “É preciso saber o que aconteceu nos anos que houve redução.”