Do caderno de Cidades Considerada a rainha das provas, a perícia criminal tem sido alvo de discussões por todo o Brasil.
O trabalho de peritos e legistas ganhou destaque com a exposição na mídia do caso Isabella Nardoni, que morreu após ser jogada do sexto andar de um edifício em São Paulo.
Para chegar ao (s) responsável (eis) pelo crime, o Instituto de Criminalística de São Paulo tem realizado diversos tipos de exame.
As técnicas impressionam quem não é do ramo.
Uma gota de sangue no chão do carro, um filamento de náilon na camisa de um dos suspeitos.
Mas será que a Polícia Científica de Pernambuco estaria preparada para realizar esse tipo de investigação?
Para a Associação Brasileira de Criminalística, a estrutura no Recife é uma das piores do País.
Nos postos do interior, a situação se complica ainda mais.
Em Caruaru, no Agreste, por exemplo, o perito dirige o carro, tira fotografia do local do crime e colhe provas.
A equipe local é responsável por perícias em 14 cidades vizinhas e trabalha em uma casa improvisada.
Os principais problemas apontados pelos profissionais da área no Estado são a estrutura precária e a falta de pessoal.
Mesmo com a grande dificuldade, das perícias realizadas no caso Isabella, apenas a comparação de DNA teria que ser enviada para outro Estado.
Mesmo com a demanda – atualmente cerca de 150 exames do tipo estão para ser realizados – ainda não existe laboratório específico para esse tipo de perícia.
A utilização de uma boneca especial para a reconstituição do crime – a usada em São Paulo custou cerca de R$ 4,5 mil – talvez tivesse que ser substituída por causa do preço.
No caso Isabella, a Polícia Civil paulista tem se baseado em provas técnicas para indiciar o pai da menina, Alexandre Nardoni, e a madrasta dela, Ana Carolina Jatobá.
O presidente da Associação Brasileira de Criminalística, Márcio Corrêa Godoy, esteve na capital pernambucana no ano passado e afirmou que a estrutura da Polícia Científica do Recife é precária. “A grande maioria das polícias científicas dos Estados brasileiros não tem uma boa estrutura.
Quem está melhor em termos de estrutura de trabalho é a Polícia Federal, depois vem o IC do Distrito Federal, São Paulo e Bahia”. explicou.
Em Pernambuco, se tornou comum a demora da chegada de uma equipe do IC no local de crime.
Em alguns homicídios, a espera da polícia pelos peritos chega a duas horas.
Reflexo da falta de pessoal.
Atualmente, existem 270 vagas para peritos no Estado, no entanto, apenas 156 estão preenchidas.
Até o fim do ano, mais 16 devem assumir.
O governo do Estado ainda não tem perspectiva para um novo concurso para a área.
O gestor do Instituto de Criminalística em Pernambuco, Evson da Costa Lira, reconhece as dificuldades, mas avisa que novos investimentos estão sendo feitos. “A Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública) já liberou a verba para a instalação de um laboratório de DNA na capital.
Em Caruaru, devemos iniciar a construção de um complexo da Polícia Científica em um mês.
Outras três cidades receberão postos avançados.
Também estamos recebendo novas viaturas.” Quando o assunto é tecnologia, o Estado, segundo Lira, dispõe de equipamentos de última geração, como o espectômetro de massa, que identifica a presença de álcool no sangue ou se uma bebida é falsificada, e o cromatógrafo gasoso, que identifica vários tipos de drogas.
Local de crime não é preservado