Para o perito criminal, o local do crime é sagrado.
Nele, vestígios mínimos se tornam grandes provas.
O isolamento é fundamental.
Mas não é bem isso o que vem acontecendo no Brasil.
Um dos principais problemas enfrentados pelos peritos de todo o País é a violação do local do crime.
A cena já se tornou comum.
Corpo no chão, pessoas em volta.
Uns catam projéteis ao lado do cadáver, outros levantam o lençol para dar uma olhada no morto.
Isso tudo antes mesmo da Polícia Científica chegar ao local. “É uma dificuldade imensa. É raro a gente chegar e o local estar da mesma forma.
Impressionante como existe essa cultura.
Ninguém respeita o lugar”, desabafou um perito, que preferiu não ser identificado.
Na última terça-feira, um rapaz chegou a ser detido ao roubar objetos de um homem assassinado em plena luz do dia na Avenida João de Barros, uma das vias mais movimentadas do Centro do Recife.
O jovem de 21 anos chegou a pegar um talão com 330 vales-transporte e o telefone celular do cadáver.
Nem a presença de centenas de curiosos inibiu o rapaz, que terminou detido.
O fato ocorreu antes da perícia chegar.
Em dezembro do ano passado, o Jornal do Commercio flagrou crianças jogando bola de gude ao lado do corpo de um rapaz que acabara de ser assassinado na comunidade do Coque, área central da capital pernambucana.
Para o presidente da Associação Brasileira de Criminalística, Márcio Corrêa Godoy, esse tipo de problema registrado no Recife acontece em todo o Brasil.
Ele acrescenta que muitos policiais não são preparados para isolar a área. “A polícia é a primeira a chegar a um local de crime.
Mas, infelizmente, muitos policiais no Brasil não têm a cultura do isolamento.
Precisamos mudar isso entre policiais civis, militares e a própria sociedade.
A perícia é a rainha das provas”, destacou Márcio Godoy.