RIO – O aumento do preço do óleo diesel anunciado pelo governo anteontem vai pressionar a inflação por causa do encarecimento do frete, avalia o diretor do Centro Brasileiro de Infra-estrutura (CBIE), Adriano Pires.

De acordo com ele, no entanto, essa pressão não deverá ser sentida de imediato, mas ao longo dos próximos quatro ou cinco meses em produtos como alimentos, já que as transportadoras deverão repassar aos poucos a alta nos seus custos. “O diesel tem muito impacto indireto, já que 90% do transporte feito no País é rodoviário e a diesel.

As empresas de transporte vão aumentar o frete.

Portanto, vai haver pressão inflacionária sim, mas vai demorar mais”, afirma Pires, lembrando que o impacto do diesel no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é de 1%, enquanto que o da gasolina é de 5%.

Para Pires, a intenção do governo ao anunciar a redução da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) para amortecer o reajuste de 10% na gasolina e de 15% no diesel foi justamente controlar a inflação.

Pelas contas do governo, a gasolina não deverá sofrer reajuste nas bombas, pois a redução da Cide sobre o preço do litro da gasolina recuou de R$ 0,28 para R$ 0,18.

No diesel, a diminuição da Cide foi de R$ 0,07 para R$ 0,03, o que deverá representar um aumento de 8,8% do preço desse combustível nas bombas, conforme estimou anteontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

O vice-presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), Alísio Vaz, chama a atenção para o fato de esta ter sido a primeira vez desde a sua criação, em 2002, que a Cide foi usada para o seu verdadeiro propósito, o de funcionar como uma espécie de colchão para amortecer reajustes nos preços dos combustíveis. “O governo usou a Cide pela primeira vez de forma inteligente.

E a proposta de reforma tributária que foi encaminhada ao Congresso extirpa a Cide.

Esse exemplo saudável de uso da Cide mostra que essa proposta de reforma talvez não seja a mais adequada”, afirmou Vaz.

PETROBRAS Um dia após o anúncio do aumento de 10% do preço da gasolina e de 15% do diesel nas refinarias, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, classificou como “adequado” o tamanho dos reajustes, em entrevista exclusiva à Agencia Estado, em Nova Iorque.

O executivo afirmou que não seria “correto” repassar ao mercado brasileiro aumento dos combustíveis em magnitude semelhante às elevações no mercado internacional, disse que “eficiência” é a chave para não reajustar os preços no Brasil junto com a oscilação do petróleo no mercado internacional e garantiu que não há novas elevações a caminho.

Da editoria de Economia do JC