Da Agência Estado A diretora para ratings soberanos da agência de classificação de risco Standard & Poor\s (S&P), Lisa Schineller, enfatizou hoje a necessidade do Brasil de perseguir reformas econômicas que contribuam para a redução da carga da dívida pública.

Segundo ela, mesmo com a relação entre a dívida e Produto Interno Bruto (PIB) acima do nível de 40%, estimado como ideal para um país que já tenha um grau de investimento, “o Brasil pode ser grau de investimento” por causa “do maior grau de confiança na capacidade e disposição do governo de reduzir esta dívida”.

De acordo com seus cálculos, esta relação no Brasil é da ordem de 47%.

Entretanto, ela destacou que “os esforços para trazer a política fiscal para mais perto de outros países que têm grau de investimento são chave para o Brasil continuar a subir na escala das notas de crédito de risco (ratings)”.

Lisa defendeu políticas que reforcem um declínio na relação dívida/PIB, chamando atenção para o fato de que suas previsões são de que esta relação deve ter um “declínio muito lento”. “A política fiscal brasileira é expansionista”, disse, enfatizando que a expansão na arrecadação e o ambiente econômico têm facilitado as altas taxas de gastos.

A diretora da S&P citou que a recomposição dos gastos e a redução em algumas despesas podem levar a uma forte redução da dívida. “Políticas para estimular ainda mais o crescimento também podem contribuir para a redução da dívida como porcentual do PIB”, reconheceu.

Para Lisa, a taxa de crescimento do Brasil está mais forte do que era até recentemente, mas o ritmo ainda é fraco quando comparado ao de outros países emergentes. “Nós acreditamos que claramente houve um aumento nos gastos, acompanhado de um aumento na arrecadação.

Isso não é algo que simplesmente aconteceu nos últimos dois anos, isso tem sido uma tendência dos últimos dez anos”, disse.

A diretora da agência de ratings afirmou que prevê uma desaceleração no ritmo de crescimento da arrecadação e, se isto se confirmar, “o crescimento dos gastos também deve desacelerar”.

Ela ressaltou que este é um “componente chave que nós incluímos em nosso conceito de uma abordagem pragmática de política progressiva”.

Segundo Lisa, esta dinâmica fiscal brasileira “não é algo novo”. “Isso vem ocorrendo desde o fim dos anos 1990, e não é algo que deve mudar rapidamente”, avaliou, chamando atenção para a questão das reformas. “Seja uma reforma da Previdência Social, seja uma reforma mais profunda em direção a outros tipos de composição de gastos governamentais”, citou.

Para ela, “isso seria muito importante para manter o Brasil na sua trajetória de alta na escala dos ratings”, afirmou, em relação a mudanças nos gastos do governo. “Em termos ideais, nós gostaríamos de ver a carga da dívida cair mais rapidamente”, declarou.

REFORMA TRIBUTÁRIA Para Lisa, o projeto de reforma tributária que está sendo discutido no Congresso é “um forte proposta”.

Em sua visão, a medida “aumentaria a eficiência e as perspectivas econômicas” do País, contribuiria para diminuir a dívida e ainda poderia melhorar as perspectivas de investimentos no País.

INVESTIMENTOS Apesar de defender a redução dos gastos públicos, Lisa vê também uma “forte necessidade” de infra-estrutura.

Neste contexto, ela destacou que a chave desta questão é a participação do setor privado nos investimentos necessários, citando como exemplo a concessão de rodovias.