Por Carlos Eduardo Cadoca* Existem coisas que são feitas na melhor das intenções.

Dentro de uma linha de atuação correta, seguindo tendências também corretas, mas ou demoram a funcionar ou simplesmente não dão certo.

O recifense está assistindo um dilema desses bem de perto sem saber exatamente ainda qual será o desfecho.

Fez trinta dias ontem, terça-feira, que o chamado Corredor Leste-Oeste começou a funcionar.

Um projeto polêmico que um dia após o outro, sem trégua, vem sendo bombardeado por uma avalanche de reclamações.

E aí o grande questionamento que se faz é o seguinte: O que, afinal, está dando errado?

Ensinam os especialistas em transporte que nenhuma grande alteração de trânsito funciona as mil maravilhas de pronto.

Logo no primeiro momento.

Não é assim. É preciso, de fato, um tempo para adaptação e para que ajustes sejam feitos, mas tem outra pergunta que não quer calar: Um mês já não seria tempo suficiente para que tais ajustes tivessem surtido algum efeito?

Existe, ao que tudo indica, uma falha grave de planejamento que reflete e evidencia a má qualidade da gestão da atual administração municipal.

A obra é importante, como dissemos desde o início, porque prioriza o usuário do transporte público de passageiros, uma exigência nacional e mundial para enfrentar o problema da mobilidade.

Também é uma obra reconhecidamente ousada, mas não funcionou até agora.

E a maior vilã, infelizmente, tem sido a Avenida Conde da Boa Vista. É verdade que ela ficou mais bonita, mais atraente.

Também é verdade que se transformou rapidamente em uma grande dor de cabeça.

Nada funciona. É uma unanimidade.

Todo mundo reclama do corredor.

O comerciante.

O taxista, que ainda não teve resposta para as suas reivindicações e continua tendo dificuldade para fazer o embarque e o desembarque de passageiros.

O morador.

Os usuários de veículos particulares que precisam trafegar naquela área, os pedestres, e o que é pior: até os passageiros dos ônibus.

Justo eles, que deveriam ser os maiores beneficiados, são exatamente os que mais estão sofrendo.

Uma pessoa conhecida me contou que é de perder a paciência pegar um ônibus por volta das 18h na Avenida Guararapes para atravessar a Boa Vista e tentar chegar em casa.

O Caderno de Cidades do Jornal do Commercio de domingo revelou que um dos calos do projeto é que a Avenida Conde da Boa Vista ainda tem ônibus demais.

E ainda: que os ônibus estão levando, no início da noite, até 21 minutos para percorrer a avenida.

O que seria o triplo do tempo estimado.

Ora, boa parte desses ônibus já estava lá.

Isso não foi previamente estudado, analisado e devidamente calculado?

Um projeto só pode surtir o efeito esperado quando há capacidade de planejamento e de execução.

Não basta ser bonito e charmoso, tem que funcionar.

As intervenções se sucedem.

Já diminuiu a quantidade de linhas de ônibus que circulam na Avenida Conde Boa Vista.

Já fizeram e aconteceram, mas o trânsito continua lento.

Para piorar, os ajustes que estão sendo feitos nos semáforos na tentativa de deixar o corredor mais rápido está irradiando congestionamentos nas vias transversais ao logo de vários trechos do corredor.

Não foi uma, nem duas, nem três pessoas que chegaram para comentar os problemas. É muita gente dizendo a mesma coisa.

E quando o povo fala, não dá outra: o negócio está feio mesmo.