O líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), recebeu a visita de um lobista acusado de comandar o suposto esquema de desvio de verbas do BNDES.
No dia 13 de fevereiro, Alves recebeu o lobista João Pedro de Moura em seu gabinete na Câmara, revela reportagem publicada nesta segunda-feira pelo jornal O Estado de S.
Paulo.
O relato do encontro faz parte do relatório da Polícia Federal dentro da Operação Santa Tereza, que revelou o esquema.
Henrique Alves é o segundo deputado citado na investigação – o outro é Paulinho da Força (PDT-SP), de quem o lobista é amigo e ex-assessor.
A PF informa que nenhum dos dois deputados é tratado como acusado.
As ligações com o lobista, porém, constrangem.
Moura está detido desde a semana passada, em São Paulo.
Conforme uma gravação telefônica feita pela PF, o lobista comemorou o resultado da visita a Brasília, conversando com outro integrante de sua quadrilha. “Consegui todas as prefeituras do Rio de Janeiro, prefeituras do estado da Paraíba e prefeituras do estado do Rio Grande do Norte”, afirmou ele ao comparsa, Marcos Vieira Mantovani, no telefonema interceptado pela PF.
Naquele dia de visita à Câmara, o lobista, que foi conselheiro do BNDES, carregava uma mochila, deixada no gabinete de Paulinho.
A PF apurou que a quadrilha articulava um acordo com 200 prefeituras nos estados citados no telefonema entre os dois acusados.
O esquema de desvios no BNDES – fraudes nos empréstimos concedidos pelo banco a uma série de prefeituras – foi descoberto por acaso.
Os policiais investigavam uma série de denúncias sobre a prática dos crimes de tráfico interno e internacional de mulheres e de exploração de prostituição.
Num dos empréstimos ilegais a uma prefeitura paulista, o desvio teria sido de 130 milhões de reais.
Em outro, concedido a uma conhecida empresa de varejo, o valor supera os 200 milhões.