Por Gilvan Oliveira Da editoria de Política do JC O prefeito João Paulo (PT), que defende a re-reeleição de Lula, garante que haverá um “clamor” pelo terceiro mandato após as eleições municipais.

Mas não vê relação entre o atual momento político e o Queremismo da era Vargas.

Para ele, o terceiro mandato se justifica porque Lula é o único capaz de manter conquistas sociais dos seis anos de seu governo.

JC – Parcela da população reivindicou a permanência de Getúlio Vargas.

Vai acontecer o mesmo com Lula?

JOÃO PAULO – As condições estão dadas porque o povo está sentindo na pele: agora está comendo, tendo acesso a equipamentos eletrônicos, a melhor escola, a universidades.

Há um ambiente estabelecido, germinado no meio da população.

A meu ver, vamos ter o prazo até as eleições municipais, que vai apontar uma linha de referência no Brasil.

O país vai dizer o que está querendo.

Isso pode pegar muitos companheiros, inclusive do PT, meio de surpresa em relação a esse novo cenário político, dessa nova conjuntura política pós-eleição.

JC – Isso seria um “queremismo” pró-Lula?

JOÃO PAULO – Queremismo não, porque a conjuntura é outra.

Lula não é um governo populista. É popular, tem tido interlocução com todos os setores, mesmo adversários. É um governo diferente, de tradição democrática.

JC – O presidente já disse que é contra o terceiro mandato.

Se a idéia vingar, ele vai à disputa?

JOÃO PAULO – Acho que se tiver estabelecida a conjuntura que eu falei, se houver um clamor popular, uma convocação, ele não terá outro caminho a não ser se dobrar à vontade do povo brasileiro.

JC – O terceiro mandato não prejudicaria um dos pilares da democracia, a alternância de poder?

JOÃO PAULO – De forma nenhuma.

A história da República é muito curta.

Temos tempo para lideranças jovens trilharem uma caminhada melhor.

E tudo construído dentro dos princípios da Constituição.

Não vejo comprometimento do processo democrático.

JC – Como o senhor fica, tendo resistência do presidente, do PT e de alguns aliados à tese do terceiro mandato?

JOÃO PAULO – Não vejo nenhum comprometimento.

A política é muito de ambiente e essa conjuntura pode essencialmente mudar.

Acho que pode haver um certo clamor popular no sentido do fica Lula.

Após a eleição municipal nossos políticos podem ter uma surpresa muito grande.

JC – O senhor acha que o terceiro mandato tem respaldo em toda a sociedade?

JOÃO PAULO – Sem sombra de dúvidas.

Esse é o governo de maior inclusão social de todos os tempos, que tem visão estratégica de uma concepção de Brasil, mas, acima de tudo, com inclusão social, onde todos os setores da sociedade estão sendo beneficiados.

Acho que por mais nomes importantes que tenhamos, do ponto de vista de lideranças nacionais, o nome mais preparado para cumprir mais essa etapa de transição é o presidente Lula.

Acho que poderia ser convocado um plebiscito, para a população opinar, e depois o projeto ser enviado ao Congresso Nacional, onde se mudaria a legislação.

Tudo dentro dos rituais que a Constituição prevê.