Por Sérgio Augusto Silveira Digno de ser avaliado e compreendido, o racha no meio das lideranças de esquerda tem sido rico de avaliações, as quais apontam para o fato de que este processo que antecede as oficializações de candidaturas é ideal para se compreender a complexidade da política partidária local.
A definição da candidatura do vice-prefeito Luciano Siqueira, do PCdoB, é um episódio que ajuda nessa direção, principalmente agora, quando líderanças do hegemônico PT não mais escondem do eleitorado os seus conflitos na avaliação desta candidatura.
Vamos por partes.
Primeiro passo: o comunista, atendendo orientação nacional da sua octogenária legenda, decidiu se firmar como candidato a prefeito no Recife.
Segundo passo: o prefeito João Paulo – hoje a mais forte liderança petista no Estado – saiu a campo para desfigurá-la, dar-lhe um sentido absurdo e torná-la sem sentido.
Terceiro passo: a candidatura de Luciano passou olimpicamente por essa borrasca e foi oficializada festivamente pelos comunistas do B.
Quarto passo: o dirigente petista e presidente da EMTU, Dilson Peixoto, vem a público para apontar virtude na candidatura do vice-prefeito, redimensionando a análise feita pelos seus companheiros até agora. É nesse sentido que se pode entender a sua avaliação, no sentido de que é bom para as esquerdas ter outro candidato na disputa do primeiro turno.
Este candidato – avaliou Peixoto muito à vontade, em entrevista ao Jornal do Commercio – evitaria que os insatisfeitos com o nome apresentado pelo prefeito João Paulo acabem chutando o balde e migrem seus votos para Mendonça Filho, do DEM, Raul Henry, do PMDB, Cadoca, do PSC ou até para Clóvis Correia, do PSDC.
Essa posição escancarada e dita na cara do PT torna estreita e míope a postura favorável à unificação do pensamento eleitoral das esquerdas a essas alturas do campeonato.
Dilson Peixoto deixa isso claro no momento em que aponta como tarefa de toda a esquerda, e não só dos comunistas, ajudar a que se solidifique outro candidato nesse campo.
Em outras palavras, a dimensão de unidade tem que ser moderna, mais ampla, arejada e horizontal.
Essa é a realidade, independente do que Dilson Peixoto tenha como objetivo final por trás do pano.
Estaria doido para prejidicar o candidato do prefeito?
Pouco importa, No final das contas, o histórico dirigente petista está contribuindo para o enriquecimento do quadro de disputa pela Prefeitura do Recife, pelo que os comunistas, penhoradamente, agradecem.
PS:jornalista