Por Carlos Eduardo Cadoca* Nos últimos dias dois assuntos têm sido alvo de muita discussão no Recife.

A Avenida Conde da Vista, por conta das mudanças para implantar o Corredor Leste-Oeste, e o Parque Dona Lindu, que tem gerado uma verdadeira guerra de liminares.

Dois projetos milionários da administração municipal.

Duas polêmicas.

Duas boas idéias prejudicadas pela falta de qualidade de gestão.

O parque ainda não saiu do papel, mas definitivamente não caiu no gosto do povo.

As obras mal começaram e já foram interrompidas mais uma vez, na semana passada, por determinação judicial.

A Prefeitura insiste em levar adiante o projeto ao custo de quase R$ 30 milhões, que prevê a construção de um espaço para shows e eventos.

Aí, o concreto toma o espaço do verde e corre-se o risco de gerar, quando ocorrer um show, um enorme congestionamento nas vias próximas ao Parque.

O povo pede um parque.

Sem muita pompa.

Simplesmente um parque.

A Prefeitura resiste.

Quer porque quer executar o projeto que não agrada a comunidade.

Um equívoco.

No Corredor Leste-Oeste, sobretudo na Avenida Conde da Boa Vista, a situação está ainda mais complicada.

A obra está pronta e não agradou.

Chovem reclamações dos que andam de ônibus, dos taxistas, comerciantes e dos que moram no Conde da Boa Vista.

Não por acaso.

Os engarrafamentos aumentaram.

Independente de ser ou não horário de pico. É justo e necessário priorizar o passageiro do transporte coletivo.

A iniciativa é corajosa e segue a tendência de outras cidades do país e do mundo que enfrentam problemas de mobilidade no trânsito, mas a intervenção até agora não deu resultado.

Houve, ao que tudo indica, um grave problema de planejamento.

Tanto no caso Dona Lindu quanto no Corredor Leste-Oeste estamos diante de um fato.

Não basta ter uma boa idéia, ter coragem para tirá-la do papel e recursos. É preciso saber executar as ações com competência.

Muita gente tem me perguntado: e se fosse você, faria ou não o Parque Dona Lindu desse jeito como quer a Prefeitura?

E essa alteração na Conde da Boa Vista, você também faria ou não faria?

Eu acho o seguinte: Parque Dona Lindu Sim, é claro que eu faria um parque em Boa Viagem.

Qual o bairro que não quer um parque.

Mas nem gastaria R$ 30 milhões nem faria o projeto que a Prefeitura está querendo levar adiante a ferro e fogo.

Com esse dinheiro, eu faria o parque de Boa Viagem, priorizando, especialmente, espaços para a prática de esportes e lazer, e pelo menos outros dois parques.

Um na Zona Norte.

Outro na Zona Oeste da cidade.

Acho que o projeto da Prefeitura é inadequado.

Boa Viagem já tem muito concreto e pouco verde.

A Avenida Boa Viagem já tem muitos engarrafamentos, não pode ser afetada por mais um foco de congestionamento.

E é o que vai acontecer fatalmente caso o projeto seja executado tal qual foi elaborado.

Corredor Leste-Oeste Tenho acompanhado esse projeto com atenção desde que foi iniciado porque tem a ver com o transporte público.

Surgiu como uma evolução do SEI (Sistema Estrutural Integrado) para amenizar o problema.

Já tive, inclusive, oportunidade de dar a minha opinião sobre ele. - Primeiro: A intervenção é importante porque a Conde da Boa Vista estava muito degradada; - Segundo: A idéia de priorizar o transporte público também é importante, mas, ao que tudo indica, alguma coisa deu errado. É claro que a população esperava que, ao ser inaugurada, a obra não fosse render tanta dor de cabeça.

Acho que nem mesmo a Prefeitura esperava, mas o fato é que o resultado tem sido negativo.

Aqui, no caso da Boa Vista, ao contrário do parque, faço uma ressalva que acabei aprendendo em conversas com especialistas do setor de transporte.

Nenhuma intervenção desse porte pode ser milimetricamente ajustada antes que, de fato, entre em operação.

Por isso, em geral, são necessários ajustes no período inicial de sua operação.

Já foram feitos ajustes, mas nada de resultado.

O desafio é o seguinte: esgotando-se as intervenções operacionais, com mudanças de paradas e alterações de linhas de ônibus, como já começou a acontecer com pouco impacto positivo, o que fazer ali?

Além do trânsito muito lento, como resolver, por exemplo, o problema dos moradores da Conde da Boa Vista quando chegam em casa para descarregar suas compras?

Eu, você e todo mundo estamos aguardando “impacientemente” as respostas. *Deputado federal e pré-candidato à Prefeitura do recife pelo PSC, escreve às quartas para o Blog, dentro da série “Recife 2008.

Debate com os prefeituráveis”.