Da Agência Brasil A intenção do presidente eleito do Paraguai, Fernando Lugo, de renegociar o preço pago pelo Brasil pela energia de Itaipu é uma reivindicação justa, na avaliação do professor do departamento de engenharia elétrica da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) Dorival Gonçalves Jr. “Do ponto de vista do que está acontecendo mundialmente, o irregular, o incorreto, é não atender à reivindicação paraguaia”, afirma.
Ele explica que, em todo o mundo, o preço da energia tem acompanhado a alta dos combustíveis fósseis, especialmente o petróleo. “Temos que entender Itaipu como um grande poço de petróleo situado entre o Brasil e o Paraguai, e o Paraguai tem 50% desse poço”, avalia o especialista.
Para o professor, a renegociação da energia de Itaipu é uma questão de mercado. “O que o Paraguai faz é cobrar o que já ocorre dentro do Brasil.
Nós, consumidores brasileiros, já pagamos pela eletricidade o valor dela referenciado ao preço do petróleo”, diz.
Gonçalves acredita que o Brasil não terá como negar que o preço pago ao Paraguai seja reajustado, pois, na sua avaliação, ele está defasado. “Não há como não ceder, não tem como continuar pagando o preço que se paga pela energia elétrica para o Paraguai”.
A diferença deverá ser repassada aos consumidores brasileiros, na visão do especialista.
Pelos seus cálculos, a conta de luz dos brasileiros pode ficar entre 2% a 3% mais cara.
Segundo o especialista, atualmente o Brasil paga ao país vizinho menos de R$ 70 pelo megawatt-hora de Itaipu. “Se você analisar os leilões que estão acontecendo no Brasil, a energia tem saído por mais de R$ 120 o megawatt-hora”, compara.
Ele acredita que, com a renegociação, o Paraguai deverá pedir cerca de R$ 100 pelo megawatt-hora.
A usina de Itaipu tem 14 mil megawatts de potência instalada, e, em 2007, atendeu a 19% da energia consumida no Brasil e 91% do consumo paraguaio.
O Brasil compra energia do Paraguai porque o país vizinho não tem demanda suficiente para essa energia.
LOBÃO O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse hoje (22) que o preço pago pelo Brasil ao Paraguai pela energia da hidrelétrica de Itaipu é justo.
De acordo com o ministro, o Brasil não cogita alterar o Tratado de Itaipu. “O preço que se está praticando é um preço justo.
O Brasil não pretende ver o tratado alterado e, a princípio, não tem porque concordar com a revisão da tarifa”, afirmou. “Se o Paraguai tem uma reivindicação a fazer examinaremos com todo cuidado como sempre fizemos”.